quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Não vou escrever isto.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MUDANÇAS

É a primeira vez que começo uma "crónica" pelo título
-Mudanças.
É também a primeira vez que realmente sinto algo assim a acontecer
-Mudanças.
Todo o mundo é supostamente composto de mudança.
Olho à minha volta
Caixas
Tanta coisa posta em caixas
Coisas que, talvez, outrora me disseram qualquer coisa mas que hoje em dia são só coisas numa caixa.
Já não preciso de nada
Não preciso de nada disto
E no entanto tudo em caixas como se as caixas contivessem alguma coisa importante
Como se todos os dias alguém fosse por flores nestas caixas
Provavelmente
-Não provavelmente
De certeza que nunca mais vou voltar a abrir a maior parte destas caixas
Nem vou voltar a ler a grande parte dos livros que estas caixas contêm
-Mudanças
É assim, somos um caixa com caixas que queremos esquecer mas que estão sempre lá, num cantinho qualquer da casa supostamente nova
Alguém nos diz
-Não te preocupes, são mudanças, deita tudo cá para fora
Como se eu pudesse chorar para a terra e a terra levasse a lágrima com o conteúdo das nossas memórias
Não é assim
Está tudo em caixas e há caixas tão cheias que não há tampa que as tampe
Esta frase toda a noite de ontem na minha cabeça
-O rapaz queria sonhar sem sequer ter noção que não era capaz de adormecer
Eu... eu queria dizer tanta coisa
Eu.. eu estava a sentir tanta coisa à bocado, tantas sensações e ideias no meu cérebro
"se o meu cérebro soubesse usar a caneta seria tudo mudo mais fácil"
Não sabe.
Queria sair daqui
mesmo
queria sair daqui sem levar caixas nenhumas
sem me levar a mim
queria ser capaz de adormecer
Não há mudanças que mudem isso
(Não sou capaz de adormecer)
Eu estou completamente destruído e porra ela já está feliz outra vez
Não Luiz, nem todo o mundo é composto de mudança, porque todo o mundo se pode esconder mas poucas coisas mudam realmente
Ia falar das putas mas vou falar de nós Luiz
Quem é que somos nós para nos sentirmos mais importantes que as coisas?
Maiores que as coisas
Porque é que pomos todas as coisas em caixas e caixinhas e nós ficamos em caixões?
Não importa
Ninguém nunca mais vai abrir a maior parte das caixas da humanidade
Não vão ler a grande maioria dos livros contidos nelas
-Mudanças?
Existir aqui e deixar de existir é a única mudança
Mas deixar de existir não é mudar é deixar de existir
Eu juro eu sinto tanta coisa
sinto que o mundo está todo errado
sinto que a culpa é toda minha
sinto que posso mudar o mundo mas estou cansado
Estou vivo num caixão cheio de caixas e caixinhas e eu...
Eu queria voltar a sonhar mas já não sou capaz de adormecer
E não há nada que possa mudar isso


sábado, 15 de janeiro de 2011

E ele cantava o Hallelujah
Mas estava tão preocupado em não desafinar que se esquecia de sentir
E vivia tão preocupado com o onde ir a seguir que se esquecia de gritar
E cantava o Hallelujah como quem cantava os parabéns
E dava os parabéns a si mesmo como se fosse um Hallelujah
Mas nunca quis saber da música, pois não?
E ele cantava o Hallelujah a sorrir e esquecia-se de chorar
Posso jurar que um dia o ouvi a sonhar enquanto cantava um Hallelujah
Mas a música transforma-se num entretenimento e os sonhos em canções e uma coisa deixa de viver sem a outra como ele deixou de fazer sentido a cantar o Hallelujah
Ele pegou no génio e transformou-o num blog
o blog pegou nele e transformou-o num vazio
e eu posso jurar que houve alguém que ouviu as noticias e suspirou:
-Hallelujah....