quarta-feira, 27 de julho de 2011

O GALHEIRO

Os números
As cabeças ligeiramente inclinadas
As estradas vazias
Os patetas no chão
O cinzeiro cheio
O horror! Meu deus, o horror!
Os quadros na parede, as colagens no tecto, as canecas na mesa, os remédios no chão
Os números na cabeça
As estradas ligeiramente inclinadas
O cinzeiro cheio de patetas e os quadros cheios de horror, meu deus, o horror!
Números de canecas
remédios na cabeça
As estradas no cinzeiro e patetas na tv
O horror ligeiramente inclinado e o amor na parede
As canecas na passadeira
Os números na televisão
O amor na televisão
As canecas de beatas
As beatas dos remédios e os números inclinados
As estradas patetas
Os quadros nos esquadros
As colagens nos cinzeiros, os patetas nas palavras, o amor na televisão e o horror, meu deus, o horror!
As beatas ligeiramente inclinadas
As palavras na Parede
O amor em Carcavelos
Os números no cinzeiro
A passadeira nas colagens, as colagens nas palavras, as canecas nos esquadros e os esquadros nos patetas
O horror, meu deus, o horror! e o sentido para o galheiro

sábado, 2 de julho de 2011

É como se estivesse sempre a escrever o mesmo livro
de formas ligeiramente diferentes
com palavras radicalmente contrárias
se eu pudesse
não
se eu tivesse coragem
punha-me a voar
Criava um mundo de caras a chorar
Criava um mundo de lágrimas
De uma água vinda de dentro, tão de dentro, tão pura que fosse capaz de lavar este livro

É como se toda a gente fosse igual
Com formas ligeiramente diferentes
Com palavras radicalmente contrárias
se eu pudesse
não
se eu tivesse coragem
punha-me a voar
Criava um mundo onde o passado fosse o presente
Criava um mundo sem tempo
Um tempo sem futuro

É como se o mundo estivesse a abraçar o meu cérebro com força de mais
Se o mundo me deixasse
eu punha-me a voar

Ninguém te leva a sério
Nem as horas te levam a sério
Passam tão de repente, a gozar contigo, a rirem-se de ti, a apontarem para ti como a pessoa que ficou para trás

É como quando choras a morte de alguém e ninguém volta a vida
Nem de formas ligeiramente diferentes
Mas com palavras radicalmente contrárias consegues ouvir alguém morto a dizer-te:
-Põe-te a voar!


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Soem os risos e as violas e as violadas e os pianos
Soem os restaurantes e as vozes e as violadoras
Soem as mentirosas e os risos e que soe o tempo e o passar do mesmo
que soem as teclas de um piano e as perguntas de todos os dias e as respostas parvas dos sonhos
que soem os sonhos e se calem as rimas e as mulheres parvas e as mulheres passadas que não passam...
Eles que se calem também apesar de continuarem a soar nas nossas cabeças.
Soem os gritos mudos e os gritados e os actos desafinados e as palavras que soam só por serem palavras
Soem os pianos, os altos e os como eu
Soem os calados tão alto como as ideias
Soem as saudades
soem as saudades
soem as verdades muito mais fortes do que as lembranças
E que soem as vontades muito mais fracas do que os ideais
Que trema o mundo como treme o meu cérebro ao tentar adormecer
Que tremam as pernas daqueles que foram mais fracos que a verdade
Que prevaleça a verdade sempre sobre a vontade
E que a verdade saiba fingir ser ela mesma tão bem quanto uma bela mulher
Que soem os gritos doridos e tão verdadeiros quanto um pesadelo
Que se calem as rimas e as mulheres belas e as minhas ideias parvas por favor.
Já não consigo ouvir nada que não seja qualquer coisa nem ouvir qualquer coisa que não seja nada
Se calhar já morri há muito tempo como as estrelas cadentes
Que soem os desejos então
Que soem as esperanças
Que se engane o amor com desejos e a verdade com as esperanças
Porque é tempo de pedir um desejo
Porque
Olhem para mim
Não sou nada destas palavras bonitas
Sou fraco como estas palavras vazias.
Quem soem então as palavras para sempre banais
Porque eu gostaria de um dia conseguir adormecer
em paz



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Olá

-Olá.
Amo toda a gente e odeio toda a gente
-tudo bem?
Conheço muito bem toda a humanidade porque me conheço bem
-Olá
Há que medir muito bem o que somos, o que mostramos ser e ter a consciência do que esperam de nós
-Olá!
Há tantos sonhos que me parecem reais e tantas partes da realidade que me parecem sonho
Tudo pode ser uma coisa ou outra
-Tudo bem e contigo?
Posso até estar morto que me parece igual a estar acordado ou a sonhar
(normalmente tudo isto se me apresenta como uma única coisa)
-Também, obrigado
As coisas aparecem-me à frente sem eu procurar e quando nada me procura eu sinto que devia procurar qualquer coisa mas não me mexo. A realidade agarra-me as pernas com a força de um deus e chupa-me o cérebro com a qualidade profissional de uma puta
-Temos de combinar qualquer coisa!
As relações humanas são mais estranhas do que as relações humanas do Tchekhov e tão banais e práticas como as dos macacos
-Vai dizendo coisas...
A qualidade e a inteligência podem ser tão relativos quanto o sabor de gelado preferido de uma pessoa
-Claro que sim!
Os sonhos e os amores são coisas que parecem sempre enormes e que normalmente não passam de segundos
E de repente a vida é como um sonho ou um amor que desaparece num segundo
De repente acordas e já não é nada
já não sentes nada
-Então vá...
E logo a seguir és Deus e és O homem e és mais poderoso que o tempo
-Desde que nasci sou só um moribundo
-Então vá...
-Amo toda a gente e odeio toda a gente
-Afinal não te conheço
-Vai dizendo coisas...
-Claro que sim...!
Há que medir muito bem o que somos, o que mostramos ser e ter a consciência do que esperam de nós
Se a vida me telefonasse agora dizia-lhe "olá" ou "adeus"? ou dizia-lhe "vai dizendo coisas?" ou será que lhe dizia que agora estou sem tempo para ela ou será que lhe dizia que ela é tão inexistente quanto deus mas que, apesar de tudo, me diverte de vez em quando?
A vida é a puta e eu um cliente exigente e falido
exigente e sem forma de pagar
Queria pagar dizendo coisas porreiras mas só tenho a dizer coisas sem sentido
Só consigo responder na mesma moeda
-Estás-me a despachar?
-Claro que sim!


-Olá? Olá...?!




quarta-feira, 6 de abril de 2011

HOW THE HELL DID WE GET HERE SO SOON?!

É difícil começar a escrever
Mesmo quando estou cheio de ideias
é difícil começar a escrever
E mesmo quando ponho a música no repeat
É difícil começar a escrever
Tantos travões
tantas distrações
tantos espaços vazios entre as palavras
tantos espaços vazios na minha vida
tanta tentativa de amor a disfarçar o nada
Tantas músicas ocas a disfarçar o silêncio das respostas de amor que não são nada
Ela diz-me para ter cuidado e ir devagarinho
E ela é a minha cabeça
Ela diz-me que eu estou a fazer tudo mal
E ela é a minha cabeça
Ouço as músicas dela e os pássaros a acordar lá fora e o sino lá fora que (sabe-se lá porquê toca de meia em meia hora)
Mesmo no verão os sinos são trovoadas na minha cabeça e eu não quero ter cuidado
Se a música conseguir disfarçar o vazio que disfarce
E se o nada conseguir ser bêbedo é bem-vindo
A verdade é a maior puta porque custa caro e não pode mentir
A minha inércia é a maior verdade no dia a seguir
E a música no repeat não para o tempo
não para os tempos
nem o nosso destino em comum
Se a morte é a única coisa que temos em comum vamos morrer juntos
E se a vida nos separa vamos morrer juntos
E se as palavras ocas nos juntam vamos viver felizes
E se a felicidade não existe vamos beber até conseguir disfarçar
e se disfarçar não for suficiente vamos morrer.
Mas vamos morrer juntos.
A vida no repeat não funciona
Os acordes são sempre mais pesados na versão seguinte
E os violinos na minha cabeça podem-se transformar em violinos mendigos nas ruas de Lisboa
E os tambores podem parar no meu peito
E quando isso acontecer quero um concerto de todos os instrumentos no teu corpo
e um esquecimento total da minha banda.
A depressão é a forma gourmet da felicidade
E a nova inteligência é a auto-pena
E a auto-pena é a antiga desculpa para o amor
Não tenho medo
acredito nas pessoas
nas minhas pessoas
acredito que ninguém tem razão
(não acredito na razão)
Acredito na cerveja e na persuação
(não acredito na verdade)
Acredito na distância
Acredito na morte
Acredito em ti e em nós
E acredito nos hamburgers da McDonald's.
Mesmo quando se acabam as ideias,
mesmo quando mudo a banda sonora,
É muito difícil acabar de escrever.




sábado, 26 de março de 2011

É deprimente saber quem me lê
E sei quem é cada um deles
e isso é profundamente deprimente
sei quem é cada um de vocês
Isso é deprimente
mas não me importa isso
não me devia importar
mas importo-me
se eu escrevesse para mim
escrevia num caderno
que esconderia numa arca
com uma chave
que estaria escondida algures no meu quarto
talvez dentro de um gaveta com outra chave
Não!
Estaria só dentro da minha cabeça
porque as arcas são fáceis de abrir
e ainda mais fáceis de abrir são as gavetas
E ainda mais fáceis de abrir são as pessoas
que eu guardo aqui
e nas arcas
e nas gavetas
e de baixo dos lençóis
e na minha cabeça

Ah, não consigo escrever mais do que isto aqui
Era só isto que eu queria dizer.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O SOL NÃO É RAZÃO PARA VIVER

O que ela fez naquela altura foi a prova de que um sorriso pode salvar um dia
O que ela podia fazer agora era vir ter a minha casa e salvar-me a vida
Sei que o mundo está a ver e queria olhar para o mundo e escrever de olhos fechados
Precisamos de uma aventura qualquer
de uma razão para viver
de um sorriso de alguém num bar
às vezes é preciso mudar completamente para viver completamente
O que é preciso é escrever na altura das ideias e não deixar as ideias martelarem-nos a cabeça até a cabeça vibrar, duvidar, explodir.
Há-de haver um sorriso entre as ruas que se bifurcam infinitamente até ao principio
O principio igual ao fim
Nada antes nem depois
O céu pode estar limpo ou nublado mas estará certamente vazio de gente
Não há criação boa o suficiente para nos tornar eternos e sorrisos só na terra,
nos bares
na cara dela
Só falta saber se isso será suficiente para suportar as saudades do nada.
Acho que sim
Espero que sim
Sim.
Vem ter a minha casa e salva-me a vida!

quinta-feira, 17 de março de 2011

PEQUENO-ALMOÇO PARA CINCO DIAS

Se os Radiohead não vêm cá
há que ir até aos Radiohead
(de fato, gravata e chapéu de coco)

sábado, 12 de março de 2011

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
E normalmente volto à tabacaria
ao lado da rua do passado
a minha azia
é um cemitério antecipado

Tenho tempo para desperdiçar com a angústia de saber que não há tempo suficiente para aproveitar o que quer que seja
E deito-me com o medo da estúpida consciência de que dormir é igual a morrer e que a vontade é irmã da inveja

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
e normalmente volto aos sonhos que sonhava quando não tinha a consciência de existir
nem a consciência da inveja, nem da vontade, nem a certeza de ter de partir

Tenho tempo para me rir com a felicidade aparente que os amigos aparentes nos dão
E deito-me (com vinte e três anos!!!) ainda com medo do papão

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
E normalmente volto à drogaria
Ao lado da rua do ano passado
a minha azia
É um mal eternizado

Tenho pouca paciência para o passar do tempo e para conversas banais
E deito-me sempre com o medo e a certeza de que vou acordar igual aos meus pais

Às vezes tenho vontade de mudar toda a humanidade
De dizer só a verdade
De trocar a azia por felicidade
Às vezes tenho a certeza que vou ganhar esta luta
Mas a minha certeza absoluta
normalmente é uma puta


She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female

I know it's not that good
I know it ain't that bad
I think i'm in a good mood
because babe I'm not dead

I think i'm in a good mood
because maybe I ain't dead

She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female


We're all like Adolfph Hitler. we're all like Jacques Costeau.
We're all like god and devil, we're all like Marlyn Monroe
We're all like jack the ripper we're all like a starving poor
We're all like a lonely bastard who would kill too find his own whore
We're soft romantic songs who sing about sex hard core
We are some lucky bastards who somehow just want more
We know all this cool people with whom we talk on the phone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone


She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female

You gave away my trust as you sold away your hole
You sold your body to the dust so you could eat my soul
You sold your body to the dust so you could eat my soul

You know all this cool people with whom you talk in your bed
And you must know It ain't ok for me because babe I'm not dead
And you must know It ain't ok for me because babe I'm not dead

You know all those good people who can stend you on the phone
But they know you are not what you are
So you'll always be alone
You'll always be alone


We're all like adolfph hitler. we're all like jacques costeau.
We're all like God and devil, we're all like marlyn monroe
We're all like jack the ripper we're all like a starving poor
We're all like a lonely bastard who would kill too find his own whore
We're soft romantic songs who sing about sex hard core
We are some lucky bastards who somehow just want more
We know all this cool people with whom we talk on the phone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone


She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female


quinta-feira, 10 de março de 2011

BOM DIA DEPRESSÃO

Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
NÃO TENHO FOME
e tenho uma pizza quase pronta no forno
NÃO QUERO ESCREVER
e tenho ideias já queimadas na minha cabeça
Não há ser ou não ser quando tenho frio nos pés
nem ideias quase prontas quando a pizza já está queimada
Não tenho fome para ir buscar a pizza ao forno nem paciência para ir buscar as ideias à minha cabeça
Mais vale deixar tudo queimar
Mais vale, se calhar, deixar tudo arder.
Tenho frio nos pés e não há ideias nem pizzas que substituam as minhas pantufas
é tudo tão estúpido
NÃO QUERO ESCREVER
nem sequer tenho fome de palavras nem de pessoas nem de nada
Nem sono
Nem vontade de acordar
Nem forças para adormecer
Nada disto é importante
E sinto que se deixar a cerveja a meio deixo a vida a um terço
e outra vez:
Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
Aaaaaaaaaaaaai, não há fim para isto e nem um começo decente para isto nem um meio nem um terço do que isto devia ser
Já é tarde de mais para apagar isto tudo, não é?
Mas tenho tanta fome
tanta fome que provavelmente já caguei na pizza que estava no forno e comi o meu cérebro
Obviamente.
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. tantas ideias mas a pizza está pronta
Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
Que disparate
Parece que os consigo ouvir dizer
Parece a escrita de Luís Lobão com o defeito de ser uma imitação de Luís Lobão e com a culpa de ter sido escrito por Luís Lobão
Que disparate
ESTOU FARTO DE MIM
e estava capaz de me matar para se outra pessoa amanhã
só por um dia
talvez amanhã
Sim, provavelmente amanhã estaria bem.
Mas amanhã, provavelmente, iria voltar muito pior do que aquilo que eu era.
E não era nada disto que eu queria dizer,
E nem me odeio!
Simplesmente não tenho mais nada para fazer se não odiar-me
Mas odeio muito mais as manhãs em que tenho frio nos pés e não encontro as minhas pantufas
E odeio quando não encontro as pantufas para ir até ao forno
nem as pantufas para me matar o cérebro.
ODEIO ESTAR A ESCREVER LINHA ATRÁS DE LINHA À ESPERA DE UM FINAL
não para a minha vida (também,se calhar, metaforicamente)
Mas, de facto, para um texto como este
Sem sentido
Sem objectivo
Sem alvo
Sem nada
Só à espera do fim
de um fim
que não se encontra
e que por isso vai à primeira linha do mesmo para tentar arranjar um final com algum sentido
Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
Assim. Percebes?

sábado, 5 de março de 2011

UMA ALEGRE MÚSICA BRASILEIRA ESCRITA NO COMBOIO SENTIDO CASCAIS LISBOA PARA CONTRAIAR TODO O SEM SENTIDO DO NEGATIVISMO PORTUGUÊS NUM SER UNIVERSAL

SOL
Você é o meu SOL
Tenha um pouco de DÓ
E não me deixe só
FÁ LÁ
Não pense só em SI
Tenha pena de MI
Fico como um barco à RÉ sem
SOL

Você é o meu SOL
Tenha um pouco de DÓ
E não me deixe só
FÁ LÁ
Não pense só em SI
Tenha pena de MI
Fico como um barco à RÉ sem
SOL

FÁ LÁ
Vamos fazer um esforço
Para não ficarmos sós
FÁ LÁ
Não seja um DÓ RÉ MI FÁ tu
Faça um DÓ RÉ MIM FÁ nós

DÓ RÉ MIM FÁ SOL
Você é o meu SOL
Tenha um pouco de DÓ
E não me deixe só
FÁ LÁ
Não pense só em SI
Tenha pena de MI
Fico como um barco à RÉ sem
SOL

FÁ LÁ
Vamos fazer um esforço
Para não ficarmos sós
FÁ LÁ
Não seja um DÓ RÉ MI FÁ tu
Faça um DÓ RÉ MIM FÁ nós

sexta-feira, 4 de março de 2011

Queria encher os meus pulmões de vontade e fazer as coisas que quero fazer
e queria pegar-me ao colo e sentar-me num sofá a olhar cá para baixo
Queria que todos se sentassem em si próprios a olhar para cima
Queria ter uma certeza qualquer
Queria mesmo acreditar em qualquer coisa
Queria encher os meus pulmões de fé e fazer qualquer coisa que o meu peito ache impossível.
Gostava de olhar para mim próprio como um estranho qualquer e dizer uma piada cruel qualquer sobre o que sou
Queria muito ver-me ao espelho como alguém que não está a olhar para o espelho mas antes a olhar para outro alguém nos olhos e ver nesses olhos o meu espelho
Queria não estar tão confuso
Queria encher os meus pulmões de amor e cuspir-me cá para fora,
lá para fora,
aí para dentro.
Gostaria muito de ter a certeza de qualquer coisa
Queria que alguém me pegasse ao colo e me levasse no seu colo lá para cima.
Tomara eu não ter de repetir efeitos literários para ter de chegar à conclusão de que todas as minhas conclusões são só um efeito literário.
Queria encher os meus pulmões de nojo e vomitar-me cá para fora,
lá para fora,
aí para dentro.
Ninguém tem a culpa disto. Nem o William nem o Harold nem o Tenessee nem o Fernando nem o Tenessee whisky nem eu temos a culpa disto.
Simplesmente existe alguma coisa no ar que me enche os pulmões de culpa disto e de vontade de fazer aquilo e principalmente de inércia.
Só queria que o mundo se sentasse ao meu colo como um estranho bem vindo.
Queria sentar-me ao colo do mundo e que o mundo me embalasse.
Queria condesar-me numa frase e ser repetido mil vezes na tua boca.
Queria ser uma exclamação na tua vida
E uma virgula no teu mas
Mas maior parte das vezes, a verdade é que o meu peito quer ser só um ponto final
Parágrafo

quarta-feira, 2 de março de 2011

DESCULPA ESTA CANÇÃO

Desculpa se às vezes sou muito directo
Tenho grandes problemas em ser discreto
Ao que me interessa o mundo é só uma grande bola redonda
E não me interessa se conduzes uma trotinete ou um Honda

Desculpa se às vezes tento ser demasiado esperto
Tenho grandes problemas em ser directo
No que me interessa és só uma grande bola magrinha
E interessa-me essa onda onde estás sozinha

Eu tenho muito pena se há quem não tenha o que comer
Eu também seria outra coisa se fosse aquilo que queria ser

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho

Eu sei que tudo o que eu digo te parece estar errado
O que dói é estar sozinho e estar sempre acompanhado

Desculpa-me se às vezes não sou suficientemente aberto
É que tenho um bocado a mania que sou esperto
Ao que me interessa talvez cada um tenha o que merece
É bem provavel que não haja nada que me interesse

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho


Desculpa-me se nunca consigo dizer o que sinto
(É que preciso de muitos cigarros e vinho tinto)

O que me interessa é essa grande bola de tudo
Onde tudo está na cabeça e mais nada
Desculpa-me se estou a ser muito maçudo
Mas não fui eu quem mandou construir esta estrada

Eu tenho muito pena se há quem não tenha o que comer
Eu também seria outra coisa se fosse aquilo que queria ser

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho

De que é que me vale tentar ser um grande artista
Se o oscar vai para o maior graxista?
De que é que me vale tentar ser o melhor
se tudo o que tu precisas é de amor?

Desculpa se às vezes tento ser muito intelectual
Desculpa se pareço, às vezes uma pessoa louca
É que não me interessa nada ser banal
E ser um génio, para mim, é coisa pouca

Desculpa se às vezes pareço muito diferente
O mundo passa por mim e eu não ligo
É só uma constante tentativa de viver para sempre...
Contigo

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

(se eu me alimentar bem não hei-de morrer tão cedo)

Há manchas no meu tapete
E tenho um armário personalizado
E palavras na minha cabeça
E uma ventoinha estragada no chão que não sopra as palavras para fora da minha cabeça
Tenho uma lâmpada apagada na minha alma
E os colunas a funcionar nos meus ouvidos
Tenho cieiro nos lábios e os lábios fechados, juntos, a namorar um com o outro.
Tenho o Bob caquético nos meus ouvidos e o decote arrojado da Scarlett nos meus olhos
Há tapetes por onde ando e repetições sem sentido na minha cabeça
Tenho o meu peito e o meu cérebro fechados, separados, a lutarem um contra o outro.
(se eu me alimentar bem não hei-de morrer tão cedo)
Tenho uma janela aberta no meu escritório e um quadro velho e ao contrário no meu chão
Tenho manchas personalizadas
E palavras na minha cabeça
E uma ventoinha estragada no chão que não sopra as palavras para dentro da minha cabeça
Há tapetes por onde ando e repetições sem sentido na minha alma
(se eu me alimentar bem não hei-de morrer tão cedo)
Tenho um copo vazio na mão e uma perturbação na secretária
Tenho uma caixa Frágil no meu chão
e o chão frágil nos meus pés
Tenho sede
Não!
Tenho fome
(se eu me alimentar bem não hei-de morrer tão cedo)


domingo, 27 de fevereiro de 2011

ATÉ JÁ

Já é muito tarde e tenho medo de ir dormir
Daqui a nada é muito cedo e vou ter medo de acordar.
Num espaço de meia hora a cerveja transforma-se n'Um Bongo de laranja e os gemidos do Tom Waits nos gritos irritantes de um despertador.
Estou entre o adormecer e o acordar.
Entre o que eu queria ser e o que sou.
Entre o Ser ou não ser.
Entre qualquer coisa boa que eu não sei bem o que é e qualquer coisa horrível que já é o meu lugar comum.
Estou entre a vaidade da satisfação do conhecimento da minha própria qualidade e a frustração do saber do que nunca serei capaz.
Estou entre o adormecer e o acordar e se não paro com isto vou estar já no acordar sem nunca ter conhecido o adormecer (e eu não quero o Tom Waits como despertador).
Quero adormecer sem dar por isso e acordar com croissants e sumo de laranja em cima de mim.
Ponto final


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DEVIA TER VERGONHA DE POSTAR ISTO

Doces, palavras, copos e masturbação
Tenho um bocado de vergonha de cantar esta canção

Os dias vão passando e só falo com o papel
O meu melhor amigo é o jack daniel

Sonhava com mulheres, carros e foguetões
Acabei nesta barraca a contar os meus tostões

Doces, palavras, copos e gajas boas
Tenho um bocado de vergonha de falar com as pessoas

Daqueles dias que bebemos tanto que ficamos submersos
Ainda assim tenho vergonha de te mostrar estes versos

Mais vale ir para qualquer sitio mesmo sem saber para onde vou
Tenho um bocado de vergonhar de te mostrar quem eu sou

Copos, políticas, futebol e cama
Tenho um bocado de vergonha de como passo o fim-de-semana

Os dias vão passando e só falo com o papel
O meu melhor amigo é o jack daniel

Sonhava com mulheres, carros e foguetões
Acabei nesta barraca a contar os meus tostões

Não era nada disto que era suposto eu estar a fazer
Acho que vou ter um bocado de vergonha de morrer

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

APAGAR É O NOVO ESCREVER

Já escrevi pior
Já pensei muito melhor
e as oitenta e oito linhas que eu decidi apagar deste texto
É tudo o que isto implica
E estava tudo a mais.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O QUE ME ATORMENTA É O MUNDO A HUMANIDADE E AS MULHERES

Que longa forma de tentar continuar
que longa continuação de um suposto sofrimento que
(eu sei)
vai acabar num
-amo-te

que longa dor a dor de não ser daqui
-o meu mundo está fora do mundo
disse eu num carro.

Que longa forma de tentar continuar esta que ao adormecer só vê pesadelos e gritos ao acordar

Tudo na minha secretária cai

Tudo na minha vida fala francês e eu não percebo nada

Dizem-me que eu sou isto por causa disto e aquilo por causa disto mas o mundo não é um tubo de ensaio e eu não sou um rato de laboratório nem sou um laboratório de emoções nem sou emoções escondidas por de trás de uma piada mas, segundo maior parte do mundo, sou, de facto, uma piada

"Ninguém é quem queria ser"

Eu não queria ser ninguém, nem uma fachada, nem nada.

Queria ser alguém que olha de cima e sorridentemente para um Zoo e não ser o Zoo

"Mas ninguém é quem queria ser"

Enquanto uns se divertem a conseguir continuar eu contento-me com o pesadelo de ter de sonhar

Dói mais não ser nada para os que sonham ser felizes do que para os que não são nada felizes

-O meu mundo está fora do mundo
disse eu num carro

Mas as minhas ideias transformaram-se só em devaneios de um bêbedo histérico e as minhas bebedeiras são só a chama de um bobo e a raiva de um triste e a tristeza é confundida com a bebedeira e os devaneios perdem interesse e passam só a ser os tropeções de uma piada. Segundo maior parte do mundo, sou, de facto, só uma piada

Se eu percebesse francês talvez percebesse a minha vida
Se eu não sonhasse talvez a minha secretária se mantivesse intacta
E se eu tentasse conseguir continuar talvez conseguisse foder (todo) o mundo e ser feliz

Que longa forma de tentar continuar
que longa continuação de um suposto sofrimento que para mim
(eu sei)
vai acabar num
-Eu não sei nada disto.

O que me atormenta é o universo, a humanidade e as mulheres
(que por coincidência são também as três coisas que mais me interessam)
Eu não sei nada delas,
Tudo na minha secretária cai, quando quase a consigo ver a tentar conseguir continuar e a ouço a dizer a outro
-amo-te

(seria tão mais fácil se o meu mundo estivesse completamente fora do mundo).


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Não vou escrever isto.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MUDANÇAS

É a primeira vez que começo uma "crónica" pelo título
-Mudanças.
É também a primeira vez que realmente sinto algo assim a acontecer
-Mudanças.
Todo o mundo é supostamente composto de mudança.
Olho à minha volta
Caixas
Tanta coisa posta em caixas
Coisas que, talvez, outrora me disseram qualquer coisa mas que hoje em dia são só coisas numa caixa.
Já não preciso de nada
Não preciso de nada disto
E no entanto tudo em caixas como se as caixas contivessem alguma coisa importante
Como se todos os dias alguém fosse por flores nestas caixas
Provavelmente
-Não provavelmente
De certeza que nunca mais vou voltar a abrir a maior parte destas caixas
Nem vou voltar a ler a grande parte dos livros que estas caixas contêm
-Mudanças
É assim, somos um caixa com caixas que queremos esquecer mas que estão sempre lá, num cantinho qualquer da casa supostamente nova
Alguém nos diz
-Não te preocupes, são mudanças, deita tudo cá para fora
Como se eu pudesse chorar para a terra e a terra levasse a lágrima com o conteúdo das nossas memórias
Não é assim
Está tudo em caixas e há caixas tão cheias que não há tampa que as tampe
Esta frase toda a noite de ontem na minha cabeça
-O rapaz queria sonhar sem sequer ter noção que não era capaz de adormecer
Eu... eu queria dizer tanta coisa
Eu.. eu estava a sentir tanta coisa à bocado, tantas sensações e ideias no meu cérebro
"se o meu cérebro soubesse usar a caneta seria tudo mudo mais fácil"
Não sabe.
Queria sair daqui
mesmo
queria sair daqui sem levar caixas nenhumas
sem me levar a mim
queria ser capaz de adormecer
Não há mudanças que mudem isso
(Não sou capaz de adormecer)
Eu estou completamente destruído e porra ela já está feliz outra vez
Não Luiz, nem todo o mundo é composto de mudança, porque todo o mundo se pode esconder mas poucas coisas mudam realmente
Ia falar das putas mas vou falar de nós Luiz
Quem é que somos nós para nos sentirmos mais importantes que as coisas?
Maiores que as coisas
Porque é que pomos todas as coisas em caixas e caixinhas e nós ficamos em caixões?
Não importa
Ninguém nunca mais vai abrir a maior parte das caixas da humanidade
Não vão ler a grande maioria dos livros contidos nelas
-Mudanças?
Existir aqui e deixar de existir é a única mudança
Mas deixar de existir não é mudar é deixar de existir
Eu juro eu sinto tanta coisa
sinto que o mundo está todo errado
sinto que a culpa é toda minha
sinto que posso mudar o mundo mas estou cansado
Estou vivo num caixão cheio de caixas e caixinhas e eu...
Eu queria voltar a sonhar mas já não sou capaz de adormecer
E não há nada que possa mudar isso


sábado, 15 de janeiro de 2011

E ele cantava o Hallelujah
Mas estava tão preocupado em não desafinar que se esquecia de sentir
E vivia tão preocupado com o onde ir a seguir que se esquecia de gritar
E cantava o Hallelujah como quem cantava os parabéns
E dava os parabéns a si mesmo como se fosse um Hallelujah
Mas nunca quis saber da música, pois não?
E ele cantava o Hallelujah a sorrir e esquecia-se de chorar
Posso jurar que um dia o ouvi a sonhar enquanto cantava um Hallelujah
Mas a música transforma-se num entretenimento e os sonhos em canções e uma coisa deixa de viver sem a outra como ele deixou de fazer sentido a cantar o Hallelujah
Ele pegou no génio e transformou-o num blog
o blog pegou nele e transformou-o num vazio
e eu posso jurar que houve alguém que ouviu as noticias e suspirou:
-Hallelujah....