sábado, 26 de março de 2011

É deprimente saber quem me lê
E sei quem é cada um deles
e isso é profundamente deprimente
sei quem é cada um de vocês
Isso é deprimente
mas não me importa isso
não me devia importar
mas importo-me
se eu escrevesse para mim
escrevia num caderno
que esconderia numa arca
com uma chave
que estaria escondida algures no meu quarto
talvez dentro de um gaveta com outra chave
Não!
Estaria só dentro da minha cabeça
porque as arcas são fáceis de abrir
e ainda mais fáceis de abrir são as gavetas
E ainda mais fáceis de abrir são as pessoas
que eu guardo aqui
e nas arcas
e nas gavetas
e de baixo dos lençóis
e na minha cabeça

Ah, não consigo escrever mais do que isto aqui
Era só isto que eu queria dizer.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O SOL NÃO É RAZÃO PARA VIVER

O que ela fez naquela altura foi a prova de que um sorriso pode salvar um dia
O que ela podia fazer agora era vir ter a minha casa e salvar-me a vida
Sei que o mundo está a ver e queria olhar para o mundo e escrever de olhos fechados
Precisamos de uma aventura qualquer
de uma razão para viver
de um sorriso de alguém num bar
às vezes é preciso mudar completamente para viver completamente
O que é preciso é escrever na altura das ideias e não deixar as ideias martelarem-nos a cabeça até a cabeça vibrar, duvidar, explodir.
Há-de haver um sorriso entre as ruas que se bifurcam infinitamente até ao principio
O principio igual ao fim
Nada antes nem depois
O céu pode estar limpo ou nublado mas estará certamente vazio de gente
Não há criação boa o suficiente para nos tornar eternos e sorrisos só na terra,
nos bares
na cara dela
Só falta saber se isso será suficiente para suportar as saudades do nada.
Acho que sim
Espero que sim
Sim.
Vem ter a minha casa e salva-me a vida!

quinta-feira, 17 de março de 2011

PEQUENO-ALMOÇO PARA CINCO DIAS

Se os Radiohead não vêm cá
há que ir até aos Radiohead
(de fato, gravata e chapéu de coco)

sábado, 12 de março de 2011

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
E normalmente volto à tabacaria
ao lado da rua do passado
a minha azia
é um cemitério antecipado

Tenho tempo para desperdiçar com a angústia de saber que não há tempo suficiente para aproveitar o que quer que seja
E deito-me com o medo da estúpida consciência de que dormir é igual a morrer e que a vontade é irmã da inveja

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
e normalmente volto aos sonhos que sonhava quando não tinha a consciência de existir
nem a consciência da inveja, nem da vontade, nem a certeza de ter de partir

Tenho tempo para me rir com a felicidade aparente que os amigos aparentes nos dão
E deito-me (com vinte e três anos!!!) ainda com medo do papão

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
E normalmente volto à drogaria
Ao lado da rua do ano passado
a minha azia
É um mal eternizado

Tenho pouca paciência para o passar do tempo e para conversas banais
E deito-me sempre com o medo e a certeza de que vou acordar igual aos meus pais

Às vezes tenho vontade de mudar toda a humanidade
De dizer só a verdade
De trocar a azia por felicidade
Às vezes tenho a certeza que vou ganhar esta luta
Mas a minha certeza absoluta
normalmente é uma puta


She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female

I know it's not that good
I know it ain't that bad
I think i'm in a good mood
because babe I'm not dead

I think i'm in a good mood
because maybe I ain't dead

She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female


We're all like Adolfph Hitler. we're all like Jacques Costeau.
We're all like god and devil, we're all like Marlyn Monroe
We're all like jack the ripper we're all like a starving poor
We're all like a lonely bastard who would kill too find his own whore
We're soft romantic songs who sing about sex hard core
We are some lucky bastards who somehow just want more
We know all this cool people with whom we talk on the phone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone


She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female

You gave away my trust as you sold away your hole
You sold your body to the dust so you could eat my soul
You sold your body to the dust so you could eat my soul

You know all this cool people with whom you talk in your bed
And you must know It ain't ok for me because babe I'm not dead
And you must know It ain't ok for me because babe I'm not dead

You know all those good people who can stend you on the phone
But they know you are not what you are
So you'll always be alone
You'll always be alone


We're all like adolfph hitler. we're all like jacques costeau.
We're all like God and devil, we're all like marlyn monroe
We're all like jack the ripper we're all like a starving poor
We're all like a lonely bastard who would kill too find his own whore
We're soft romantic songs who sing about sex hard core
We are some lucky bastards who somehow just want more
We know all this cool people with whom we talk on the phone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone
We Fucked the president daughter but we are still alone


She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female
She loves like a pigeon, fuckes like a rabbit and lies like an human female


quinta-feira, 10 de março de 2011

BOM DIA DEPRESSÃO

Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
NÃO TENHO FOME
e tenho uma pizza quase pronta no forno
NÃO QUERO ESCREVER
e tenho ideias já queimadas na minha cabeça
Não há ser ou não ser quando tenho frio nos pés
nem ideias quase prontas quando a pizza já está queimada
Não tenho fome para ir buscar a pizza ao forno nem paciência para ir buscar as ideias à minha cabeça
Mais vale deixar tudo queimar
Mais vale, se calhar, deixar tudo arder.
Tenho frio nos pés e não há ideias nem pizzas que substituam as minhas pantufas
é tudo tão estúpido
NÃO QUERO ESCREVER
nem sequer tenho fome de palavras nem de pessoas nem de nada
Nem sono
Nem vontade de acordar
Nem forças para adormecer
Nada disto é importante
E sinto que se deixar a cerveja a meio deixo a vida a um terço
e outra vez:
Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
Aaaaaaaaaaaaai, não há fim para isto e nem um começo decente para isto nem um meio nem um terço do que isto devia ser
Já é tarde de mais para apagar isto tudo, não é?
Mas tenho tanta fome
tanta fome que provavelmente já caguei na pizza que estava no forno e comi o meu cérebro
Obviamente.
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. tantas ideias mas a pizza está pronta
Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
Que disparate
Parece que os consigo ouvir dizer
Parece a escrita de Luís Lobão com o defeito de ser uma imitação de Luís Lobão e com a culpa de ter sido escrito por Luís Lobão
Que disparate
ESTOU FARTO DE MIM
e estava capaz de me matar para se outra pessoa amanhã
só por um dia
talvez amanhã
Sim, provavelmente amanhã estaria bem.
Mas amanhã, provavelmente, iria voltar muito pior do que aquilo que eu era.
E não era nada disto que eu queria dizer,
E nem me odeio!
Simplesmente não tenho mais nada para fazer se não odiar-me
Mas odeio muito mais as manhãs em que tenho frio nos pés e não encontro as minhas pantufas
E odeio quando não encontro as pantufas para ir até ao forno
nem as pantufas para me matar o cérebro.
ODEIO ESTAR A ESCREVER LINHA ATRÁS DE LINHA À ESPERA DE UM FINAL
não para a minha vida (também,se calhar, metaforicamente)
Mas, de facto, para um texto como este
Sem sentido
Sem objectivo
Sem alvo
Sem nada
Só à espera do fim
de um fim
que não se encontra
e que por isso vai à primeira linha do mesmo para tentar arranjar um final com algum sentido
Porque é que o Shakespeare escrevia "Ser ou não ser" se o que realmente importa é
"Onde estão as minhas pantufas?"
Assim. Percebes?

sábado, 5 de março de 2011

UMA ALEGRE MÚSICA BRASILEIRA ESCRITA NO COMBOIO SENTIDO CASCAIS LISBOA PARA CONTRAIAR TODO O SEM SENTIDO DO NEGATIVISMO PORTUGUÊS NUM SER UNIVERSAL

SOL
Você é o meu SOL
Tenha um pouco de DÓ
E não me deixe só
FÁ LÁ
Não pense só em SI
Tenha pena de MI
Fico como um barco à RÉ sem
SOL

Você é o meu SOL
Tenha um pouco de DÓ
E não me deixe só
FÁ LÁ
Não pense só em SI
Tenha pena de MI
Fico como um barco à RÉ sem
SOL

FÁ LÁ
Vamos fazer um esforço
Para não ficarmos sós
FÁ LÁ
Não seja um DÓ RÉ MI FÁ tu
Faça um DÓ RÉ MIM FÁ nós

DÓ RÉ MIM FÁ SOL
Você é o meu SOL
Tenha um pouco de DÓ
E não me deixe só
FÁ LÁ
Não pense só em SI
Tenha pena de MI
Fico como um barco à RÉ sem
SOL

FÁ LÁ
Vamos fazer um esforço
Para não ficarmos sós
FÁ LÁ
Não seja um DÓ RÉ MI FÁ tu
Faça um DÓ RÉ MIM FÁ nós

sexta-feira, 4 de março de 2011

Queria encher os meus pulmões de vontade e fazer as coisas que quero fazer
e queria pegar-me ao colo e sentar-me num sofá a olhar cá para baixo
Queria que todos se sentassem em si próprios a olhar para cima
Queria ter uma certeza qualquer
Queria mesmo acreditar em qualquer coisa
Queria encher os meus pulmões de fé e fazer qualquer coisa que o meu peito ache impossível.
Gostava de olhar para mim próprio como um estranho qualquer e dizer uma piada cruel qualquer sobre o que sou
Queria muito ver-me ao espelho como alguém que não está a olhar para o espelho mas antes a olhar para outro alguém nos olhos e ver nesses olhos o meu espelho
Queria não estar tão confuso
Queria encher os meus pulmões de amor e cuspir-me cá para fora,
lá para fora,
aí para dentro.
Gostaria muito de ter a certeza de qualquer coisa
Queria que alguém me pegasse ao colo e me levasse no seu colo lá para cima.
Tomara eu não ter de repetir efeitos literários para ter de chegar à conclusão de que todas as minhas conclusões são só um efeito literário.
Queria encher os meus pulmões de nojo e vomitar-me cá para fora,
lá para fora,
aí para dentro.
Ninguém tem a culpa disto. Nem o William nem o Harold nem o Tenessee nem o Fernando nem o Tenessee whisky nem eu temos a culpa disto.
Simplesmente existe alguma coisa no ar que me enche os pulmões de culpa disto e de vontade de fazer aquilo e principalmente de inércia.
Só queria que o mundo se sentasse ao meu colo como um estranho bem vindo.
Queria sentar-me ao colo do mundo e que o mundo me embalasse.
Queria condesar-me numa frase e ser repetido mil vezes na tua boca.
Queria ser uma exclamação na tua vida
E uma virgula no teu mas
Mas maior parte das vezes, a verdade é que o meu peito quer ser só um ponto final
Parágrafo

quarta-feira, 2 de março de 2011

DESCULPA ESTA CANÇÃO

Desculpa se às vezes sou muito directo
Tenho grandes problemas em ser discreto
Ao que me interessa o mundo é só uma grande bola redonda
E não me interessa se conduzes uma trotinete ou um Honda

Desculpa se às vezes tento ser demasiado esperto
Tenho grandes problemas em ser directo
No que me interessa és só uma grande bola magrinha
E interessa-me essa onda onde estás sozinha

Eu tenho muito pena se há quem não tenha o que comer
Eu também seria outra coisa se fosse aquilo que queria ser

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho

Eu sei que tudo o que eu digo te parece estar errado
O que dói é estar sozinho e estar sempre acompanhado

Desculpa-me se às vezes não sou suficientemente aberto
É que tenho um bocado a mania que sou esperto
Ao que me interessa talvez cada um tenha o que merece
É bem provavel que não haja nada que me interesse

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho


Desculpa-me se nunca consigo dizer o que sinto
(É que preciso de muitos cigarros e vinho tinto)

O que me interessa é essa grande bola de tudo
Onde tudo está na cabeça e mais nada
Desculpa-me se estou a ser muito maçudo
Mas não fui eu quem mandou construir esta estrada

Eu tenho muito pena se há quem não tenha o que comer
Eu também seria outra coisa se fosse aquilo que queria ser

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho

De que é que me vale tentar ser um grande artista
Se o oscar vai para o maior graxista?
De que é que me vale tentar ser o melhor
se tudo o que tu precisas é de amor?

Desculpa se às vezes tento ser muito intelectual
Desculpa se pareço, às vezes uma pessoa louca
É que não me interessa nada ser banal
E ser um génio, para mim, é coisa pouca

Desculpa se às vezes pareço muito diferente
O mundo passa por mim e eu não ligo
É só uma constante tentativa de viver para sempre...
Contigo

Não queria morrer agora
Só mais um bocadinho, só mais um bocadinho!

Não quero morrer agora
Não quero morrer sozinho