domingo, 28 de fevereiro de 2010

Se Calhar

E hoje ando triste
as noites tão longas e vazias, cheias de pó e sombras, de fumo e memórias, de tic tac's e desespero...
E de repente, o dia. E eu ainda nem adormeci.
Ontem disse que nunca tinha escrito nada sobre estar feliz
e é verdade
Já escrevi sobre querer estar feliz e sobre tentar ser feliz e sobre fingir ser feliz mas nunca escrevi feliz
e isto é triste.
Tem andado tudo muito calmo ultimamente,
tirando a tempestade na rua que me acorda quando finalmente consigo adormecer com um trovão cruel lá fora que mais parece estar dentro da minha cabeça a triturar tudo.
Não sei se são saudades de alguma coisa que nunca tive,
não reparei em nada a desaparecer, a não ser eu próprio, devagarinho, como a noite.
Se calhar não.
Se calhar é mentira.
Se calhar só escrevo quando estou feliz
E escrevo sobre ser miserável.
Se calhar, mas nem eu consigo dizer...
Se calhar sou feliz e só sinto que ando triste.
Se calhar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Às vezes penso sobre a morte
Tudo bem, muitas vezes penso sobre a morte
Está bem, estou sempre a pensar sobre a vida depois da morte
Todos nós pensamos na vida depois da morte
Sei que não existe,
então às vezes tento aparecer em filmes para ter a vida depois da morte
Mas depois lembro-me que vão ser só imagens e não eu naquele ecrã.
E então tento escrever para viver depois da morte
Mas depois lembro-me que serão só palavras e não eu numa qualquer folha de papel.
E então tento aproveitar a vida enquanto a vivo mas não dá
porque não tenho imagens nem palavras para a descrever
Toda a vida está na memória e mesmo assim esqueço-me de tanta coisa...
Está bem, vou fazer o que faço sempre ,
Quando penso sobre a morte vou dormir
e sonhar que estou morto
e esperar ter memória para me lembrar das imagens e palavras nos meus sonhos
para conseguir estar vivo no dia aseguir e não pensar sobre a morte.
Mas tudo bem, está bem, é só mais um dia assim.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

É SEMPRE TARDE DE MAIS

Há dias em que o tarde começa muito cedo
Há dias em que cedo se percebe que já não há mais nada para fazer
de todo.
Há dias em que simplesmente já bebeste tudo e ainda é cedo de mais
Há dias em que já é tarde de mais para tudo.
Faria de tudo para agora ser tudo diferente
toda a minha vida, diferente.
Em vez disso, o peso dos dias e a vergonha do que escrevo.
Se me ouvissem agora, não, se me ouvissem antes, quando podia ser tudo o que queria ser
Ah, se me ouvissem em dias em que tudo parece cedo e onde o tarde de mais era só muito tarde...
Há dias em que sentes que apanhaste o comboio errado e que já não há volta a dar.
Antes vivia no país do Agora,
Fiz as malas, engoli os meus sonhos, misturei-os com o presente, vomitei tudo para a verdade,
e agora moro na vila do Agora É Sempre Tarde De Mais
Há dias assim,
Percebes que é tarde de mais para o que podias fazer, mas ainda é muito cedo para a vida sem sentido que ainda tens de levar.
Mas secalhar é só mais um dia assim...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

São só palavras que andam por aí
a entrarem pela minha cabeça
a entrarem por um dos meus ouvidos e a saírem por outro
às vezes transformam-se noutras palavras que entram noutras cabeças e que entram por uns quaisquer ouvidos e saiem por outros ainda
E embora seja livre para escrever e fazer seja o que for, há sempre a prisão do mundo
esse grandessíssimo filho da puta que nos fode a vida a todos e que em filha da putice só perde para o seu amigo tempo
O tempo, esse punheteiro que só vive de palavras que já andaram por aqui e que me fodem a cabeça e me infectam os ouvidos e me proíbem de curtir o mundo...
Ah, foda-se! isto poderia muito bem ser o princípio de um romance, se já não fossem quatro da manha e eu não estivesse a nadar em cigarros e a queimar-me em cervejas
Mas por causa da prisão que é o mundo, do punheteiro que é o tempo, do tardar da hora, da cerveja e dos cigarros, tudo isto não passa de palavras que andam por aí a entrarem em lado nenhum.
Ou talvez seja só por causa de mim
Sim
É mesmo só por minha causa,
Boa noite

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Luís

Mas não se enganem
Eu como sou, sou feliz
isto é só literatura deprimente barata
Uma constante imitação de algumas sensações temporárias
Mas eu, como sou, sou feliz

PELE

Se eu olhasse para a minha cara daqui a cem anos, muito provavelmente só veria uma caveira
e muito provavelmente eu estaria a chorar em frente a ela
Então porque raio é que ela se está a rir para mim? a sorrir para mim? provavelmente a gozar comigo.
Só a pele separa o que somos do que seremos
Todas as minhas caras tristes e beicinhos são só pele
Se há pele, há vida. Mas eu quero sorrir.
Também eu, como todos vós, muitas vezes tenho vontade de sorrir para mim ou provavelmente de gozar comigo.
Mas a pele mata o sorriso e como eu já disse eu quero sorrir.
Vazio
Como o interior de uma caveira
Vazia.






















quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

HAPPINESS IS OVERRATED

Cada um de nós é só gás, pressão, realidade e lei
Não é só o que tu procuras mas acima de tudo é o que tu precisas
E o que tu precisas é tanto que quase nunca te deixa chegar ao que tu procuras
Estou farto farto de me ouvir
de ouvir o que eu procuro
às vezes somos só gás, pressão, realidade e lei.
Doce bocado do dia aquele em que te perdes
Ah, ossos, dores e companhia
Muitas vezes vivemos só dos ossos dores e companhia
Cada um de nós não é nada disto
Mas se eu não fosse só ossos, dores, companhia, gás, pressão, realidade e lei
e sempre que eu sentisse que precisava de sol não usasse um guarda-chuva preto,
que sentido e que credibilidade poderia ter o sonho?