domingo, 22 de junho de 2008

7 bilhões de azares

Espera-te uma noite mítica
Esqueces qualquer politica
Vais para uma discoteca
A rezar por uma queca
Numa noite de calor
Esqueces qualquer tipo de dor
Depois crias um grande amor
num ecrân de computad0r

Passas o dia a encharcar-te em sal
Esqueces-te da fome mundial
Numa noite de bebedeira
esqueces a humanidade inteira
E entre este ser ou não ser
preferes sempre escolher
A mulher que consegues foder
porque ainda não parou de beber
Entre milhões que estão a morrer

Pensas que cumpres o teu bocado
Por ofereceres 100 gramas de açucar ao domingo no supermercado
Agradeces-te por não estares errado
Mas ver morrer também deve ser pecado

São todos uns ignorantes
De bebidas frias e noites quentes
De novelas brasileiras e implantes
Vou morrer brevemente
mas tu vais morrer muito antes

E enquanto o combóio chega ao final da linha
Vá lá, vá lá
Chega cá:
A culpa é toda minha

E num devaneio de cinísmo
Amo o planeta terra
Abraço o comunismo
E culpo os senhores da guerra

Amanhã
Vou mandar todos os meus copos de plástico e vidro para o chão
E estou-me a cagar se o meu querido planeta sobrevive ou não

21 Azares

Há algo muito engraçado em fazer anos:
as pessoas reparam realmente em ti
Posso andar na desgraça e de cabeça baixa todo ano, todos os dias, mas só por fazer anos as pessoas dizem:
-Estás em baixo
Há sempre um complô para te fazerem acreditar que és a melhor pessoa de sempre.
...
Realmente o que importa não são os anos
é o tempo
é cada segundo que passa
cada segundo se reflecte no arrependimento de não teres feito o que querias ter feito no segundo anterior
E lá se foi mais um segundo
...
O meu pai diz que está mal
que vai morrer
para eu aproveitar
para eu o aproveitar
Rio-me
...
Daqui a um segundo:
Estou tão mal
Vou morrer
E para ser muito sincero:
" Não me queixo
Até sorrio."

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O 22 azares

"Todos os dias me acontece uma desgraça qualquer.
Não me queixo.
Já estou habituado.
Até sorrio."

terça-feira, 10 de junho de 2008

But it's alright, Ma, it's life, and life only

"Darkness at the break of noon
Shadows even the silver spoon
The handmade blade, the child's balloon
Eclipses both the sun and moon
To understand you know too soon
There is no sense in trying.

Pointed threats, they bluff with scorn
Suicide remarks are torn
From the fool's gold mouthpiece
The hollow horn plays wasted words
Proves to warn
That he not busy being born
Is busy dying."

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Até Já

Não consigo
Espero que chova
Espero que haja água suficiente para disfarçar o meu choro
disse-te:
-Eu nunca choro

Tudo me parece ridículo
Todos os meus pensamentos... ridículos

Quero dizer a verdade
dizes:
-Estás sempre a representar

Até sozinho estou a representar

O básico contínua igual:
Eu e os outros
Eu tão bom aos meus olhos e tão.... tão diferente para os outros
Eu estou quase a fazer anos
Eu na janela... à espera
Tão ridículo.... à espera
Não chega ninguém
Nada chega
Quando chegar alguma coisa vou desejar que nada chegue
Será tarde de mais
Quando eu fizer muitos anos... anos de mais

Espero bem que se esqueçam

Quero morrer sozinho,
Vou morrer sozinho

We Shall Walk

Tenho a constante impressão de que perdi alguma coisa
ora é a identificação
ora é o bilhete de comboio
ora é dinheiro
-Sinto que perdi alguma coisa
tenho sempre a mesma impressão de ter perdido qualquer coisa

Tenho medo
Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada

Tenho medo
daqui a cinquenta anos não vou ter identificação
Já terei perdido todos os comboios
E não terei dinheiro algum

Daqui a cinquenta anos terei a mesma impressão:
-Sinto que perdi alguma coisa


À parte isto tive em mim todos os sonhos do mundo