segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Até às sete da manhã

Não faças essa cara de amuada.
Por favor não ponhas essa cara de amuada
tira essa cara de amuo pa!
Sabes que me apetece ficar a beber e a escrever até às sete da manhã
até às sete da manhã
Não tem que haver sentido nisto
Até às sete da manhã
não me voltes a dizer que é tarde!
Não faças essa cara
por favor não me faças essa cara!
Sabes que não resisto a essa cara...
Todas as coisas que não existem
Amo-me em todos os segundos de cada coisa que não existe
E sinto-me tão bem
tão bem contigo
tão bem!
Esqueci-me do cigarro a arder no cinzeiro
fazes-me essa cara e esqueço tudo o que deixo a arder
um dia ponho fogo ao mundo
Hoje só me apetece escrever
escrever até às sete da manhã e beber
-Já é tarde!
Não é tarde não é tarde não
ainda é cedo juro que ainda é cedo
O cedo parece-me tão tarde tão tarde
Vou cantar-te uma música
Até adormeceres
vou conseguir inventar-te uma música
Vamos ser diferentes
Vamos ficar a vida toda assim
Não é tarde não é tarde!
Deixa-me só escrever para mim
Até amanhecer
até vomitar pais natais por todo o lado
Porra! O teu cheiro nas minhas mãos quando levo o cigarro à boca
O teu cheiro a queimar como o cigarro que tenho na boca
Deixa-me dizer-te isto tudo
Deixa-me ficar até às sete da manhã a dizer-te isto tudo
sem mais nada
prometo que não tem de haver mais nada
deixa-me só escrever até amanhecer
deixa -me esquecer que estou a escrever como acontecia antes
O teu cheiro nas minhas mãos
Tenho que deixar de fumar
hei-de deixar de fumar por causa do teu cheiro nas minhas mãos
Vá lá vá lá não faças essa cara de amuada.
Por favor não ponhas essa cara de amuada
Tira essa cara de amuo pa!
Não vou voltar a acreditar em todas as coisas que não existem
não vou
não vou
juro que não vou
Não existem
As coisas não existem
Porra! Mas sabem tão bem
O teu cheiro nas minhas mãos sabe mesmo bem

sábado, 15 de dezembro de 2007

Hamlet Em Nós

A minha vida tem sido assim
assim como vês
o passado em cada esquina
em cada vogal da minha casa
na solidão das pessoas na rua
as pessoas tão sozinhas na rua
e eu tão acompanhado do meu passado e do futuro que todos temos
sempre acompanhado do futuro que todos temos
ela diz-me
-Senhor sabemos o que somos mas não sabemos o que havemos de ser
Não sei o que sou no ser ou não ser da minha vida
sei o que hei-de ser
o que todos havemos de ser
Desculpa senhora
-Não sabemos o que somos mas tenho a certeza daquilo que havemos de ser

Ou não ser
ou não ser

Todas As Coisas Que Não Existem

Não me vou apaixonar
Não é desta vez
Juro! Não me vou apaixonar

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Tantos Dias Sem Textos Originais

A ressacar de tragédia
Preciso desesperadamente de tragédia
Desculpem, desculpem... não tenho tragédia nenhuma para escrever

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Eve of destruction

The eastern world, it is exploding
Violence flarin’, bullets loadin’
You’re old enough to kill, but not for votin’
You don’t believe in war, but what’s that gun you’re totin’
And even the Jordan River has bodies floatin’

But you tell me
Over and over and over again, my friend
Ah, you don’t believe
We’re on the eve
of destruction.

Don’t you understand what I’m tryin’ to say
Can’t you feel the fears I’m feelin’ today?
If the button is pushed, there’s no runnin’ away
There’ll be no one to save, with the world in a grave
[Take a look around ya boy, it's bound to scare ya boy]

And you tell me
Over and over and over again, my friend
Ah, you don’t believe
We’re on the eve
of destruction.

Yeah, my blood’s so mad feels like coagulatin’
I’m sitting here just contemplatin’
I can’t twist the truth, it knows no regulation.
Handful of senators don’t pass legislation
And marches alone can’t bring integration
When human respect is disintegratin’
This whole crazy world is just too frustratin’

And you tell me
Over and over and over again, my friend
Ah, you don’t believe
We’re on the eve
of destruction.

Think of all the hate there is in Red China
Then take a look around to Selma, Alabama
You may leave here for 4 days in space
But when you return, it’s the same old place
The poundin’ of the drums, the pride and disgrace
You can bury your dead, but don’t leave a trace
Hate your next-door neighbor, but don’t forget to say grace

And… tell me over and over and over and over again, my friend
You don’t believe
We’re on the eve
Of destruction
Mm, no no, you don’t believe
We’re on the eve
of destruction.


McGuire

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Brel

Bien sûr il y a les guerres d'Irlande
Et les peuplades sans musique
Bien sûr tout ce manque de tendres
Il n'y a plus d'Amérique
Bien sûr l'argent n'a pas d'odeur
Mais pas d'odeur me monte au nez
Bien sûr on marche sur les fleurs
Mais voir un ami pleurer!

Bien sûr il y a nos défaites
Et puis la mort qui est tout au bout
Nos corps inclinent déjà la tête
Étonnés d'être encore debout
Bien sûr les femmes infidèles
Et les oiseaux assassinés
Bien sûr nos coeurs perdent leurs ailes
Mais mais voir un ami pleurer!

Bien sûr ces villes épuisées
Par ces enfants de cinquante ans
Notre impuissance à les aider
Et nos amours qui ont mal aux dents
Bien sûr le temps qui va trop vite
Ces métro remplis de noyés
La vérité qui nous évite
Mais voir un ami pleurer!

Bien sûr nos miroirs sont intègres
Ni le courage d'être juifs
Ni l'élégance d'être nègres
On se croit mèche on n'est que suif
Et tous ces hommes qui sont nos frères
Tellement qu'on n'est plus étonnés
Que par amour ils nous lacèrent
Mais voir un ami pleurer