quarta-feira, 22 de junho de 2011

Soem os risos e as violas e as violadas e os pianos
Soem os restaurantes e as vozes e as violadoras
Soem as mentirosas e os risos e que soe o tempo e o passar do mesmo
que soem as teclas de um piano e as perguntas de todos os dias e as respostas parvas dos sonhos
que soem os sonhos e se calem as rimas e as mulheres parvas e as mulheres passadas que não passam...
Eles que se calem também apesar de continuarem a soar nas nossas cabeças.
Soem os gritos mudos e os gritados e os actos desafinados e as palavras que soam só por serem palavras
Soem os pianos, os altos e os como eu
Soem os calados tão alto como as ideias
Soem as saudades
soem as saudades
soem as verdades muito mais fortes do que as lembranças
E que soem as vontades muito mais fracas do que os ideais
Que trema o mundo como treme o meu cérebro ao tentar adormecer
Que tremam as pernas daqueles que foram mais fracos que a verdade
Que prevaleça a verdade sempre sobre a vontade
E que a verdade saiba fingir ser ela mesma tão bem quanto uma bela mulher
Que soem os gritos doridos e tão verdadeiros quanto um pesadelo
Que se calem as rimas e as mulheres belas e as minhas ideias parvas por favor.
Já não consigo ouvir nada que não seja qualquer coisa nem ouvir qualquer coisa que não seja nada
Se calhar já morri há muito tempo como as estrelas cadentes
Que soem os desejos então
Que soem as esperanças
Que se engane o amor com desejos e a verdade com as esperanças
Porque é tempo de pedir um desejo
Porque
Olhem para mim
Não sou nada destas palavras bonitas
Sou fraco como estas palavras vazias.
Quem soem então as palavras para sempre banais
Porque eu gostaria de um dia conseguir adormecer
em paz