sábado, 12 de março de 2011

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
E normalmente volto à tabacaria
ao lado da rua do passado
a minha azia
é um cemitério antecipado

Tenho tempo para desperdiçar com a angústia de saber que não há tempo suficiente para aproveitar o que quer que seja
E deito-me com o medo da estúpida consciência de que dormir é igual a morrer e que a vontade é irmã da inveja

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
e normalmente volto aos sonhos que sonhava quando não tinha a consciência de existir
nem a consciência da inveja, nem da vontade, nem a certeza de ter de partir

Tenho tempo para me rir com a felicidade aparente que os amigos aparentes nos dão
E deito-me (com vinte e três anos!!!) ainda com medo do papão

A minha certeza absoluta
normalmente é uma puta
E normalmente volto à drogaria
Ao lado da rua do ano passado
a minha azia
É um mal eternizado

Tenho pouca paciência para o passar do tempo e para conversas banais
E deito-me sempre com o medo e a certeza de que vou acordar igual aos meus pais

Às vezes tenho vontade de mudar toda a humanidade
De dizer só a verdade
De trocar a azia por felicidade
Às vezes tenho a certeza que vou ganhar esta luta
Mas a minha certeza absoluta
normalmente é uma puta