domingo, 14 de dezembro de 2008

A ARMA DOS DESESPERADOS

Canta-me músicas novas,

Preciso de outras sensações!



Morremos tão cedo,

Já estamos mortos há tanto tempo!



Obriga-me a dançar,

Ensina-me a ser feliz!



Por favor, agora a sério,

Ensina-me a ser feliz!



Vamos acender um cigarro e ver a vista sem mais nada,

Sem mais nada como fazem as pessoas felizes!



Estou morto há tanto tempo,

Ensina-me a morrer!



Por favor, lá, agora a sério,

Obriga-me a querer viver!



Vamos fazer piqueniques e respirar o ar sem mais nada

Como fazem as pessoas estúpidas!



Vamos tirar fotografias e chorar

Vamos ver o mundo girar

Ensina-me a ser feliz como as pessoas estúpidas!



Vamos discutir e fazer amor

Ensina-me a abafar o eco,

A gritar de alegria



Não quero,

Não quero mais gritar no vácuo,

Ensina-me a fazer piqueniques e a dançar nos salões!

Canta-me músicas novas,

Preciso de outras sensações!



Ensina-me os silêncios,

Os silêncios da vida!



Vamos tirar fotografias e sorrir como fazem as pessoas estranhas



Ensina-me a ser normal



Porra! já estamos mortos há tanto tempo!



Ensina-me como me equilibrar num precipício,

Obriga-me a dar um passo atrás,

Obriga-me a estar vivo mais tempo.



Mesmo que não valha a pena,

(sabemos que nunca vale a pena)

Mesmo que o silêncio doa,

(sabemos que vai doer)

Peço-te, por favor, sinceramente

Não

Imploro-te

Por favor: ensina-me a viver mais um bocado!

Um comentário:

Balbino disse...

=) Grande texto! O que tenho aprendido é que nada nos ensina nada, mas somos empurrados pelo factor tempo para tudo. E se eu tivesse escrito este texto, discordaria com aquilo que acabei de dizer. É preciso discordar.