sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Perdi a liberdade
tenho medo de mim
Perdi a minha liberdade porque tenho medo de mim
Já mal ouso escrever
tenho medo do que possa escrever
das eternas correcções
do bloqueio constante
da auto-censura
da censura insconsciente
Tenho medo de estar sozinho comigo próprio
este silêncio
este nada
esta falta de qualquer coisa
as saudades, as saudades, as saudades
tenho medo de olhar para o relógio
(nunca olho para o relógio)
O sentimento não se vai embora
não se quer ir embora
não se vai embora
não vai
não vai
As saudades
saudades dos violinos envolventes que ouvia quando estávamos juntos a contrastar com os cruéis tambores que ouço sempre quando acordo
onde é que fomos?
Sei que não estamos aqui
Mas onde é que fomos?
Sei que não estamos aqui
Estamos nesta dor
Neste vazio à minha volta
neste silêncio
neste nada
Porque é que não é tudo como dantes?
Era tão fácil
Daqui a vinte anos hei-de estar à frente de um computador
(de um melhor espero)
A perguntar-me
- porque é que tudo não é tudo como dantes?
como agora
Ainda não hei-de ter feito nada nessa alura
Porque é que não faço nada?
Porque é que não faço nada?
O mundo há-de mudar

Um comentário:

Anônimo disse...

É por estas e por outras Lobão...