Não há nada que me apteça escrever
Vou sair um bocado
Vou pensar na vida
Vou beber qualquer coisa
À vigésima cerveja há-de me aptecer escrever qualquer coisa
Hei-de sentir essa necessidade
Volto para casa
Está tudo na mesma
O mesmo bloqueio
A mesma falta de vontade
(Ainda não bebi o suficiente)
Quando der por mim já bebi de mais
Vai ser sempre assim
Quando tiver cinquenta anos vou continuar bêbedo e a folha há-de continuar sóbria,
Imaculada, certa, limpa, virgem, bonita e tão inútil como estes cinquenta anos que passaram
Quando tinha vinte anos parecia tudo tão fácil
Uma e outra cerveja e as coisas saiam bem, bêbedas, certas, limpas, virgens, bonitas e, agora que penso nisso, tão inúteis como estes setenta anos que passaram.
Quando tinha cinquenta anos parecia tudo tão fácil
A feliz nostalgia do passado
A sóbria vontade de viver
A imaculada felicidade no lar
A vida certa, limpa e tão bonita que chegava a ser inútil
Quando tiver oitenta anos vou começar a escrever
Nessa altura hei-de ter vontade de escrever
Hei-de ter qualquer coisa para escrever
Até agora
Está tudo na mesma
Volto para casa
E não há nada que me apteça escrever
segunda-feira, 31 de março de 2008
sexta-feira, 28 de março de 2008
Enik
i like your face
you don´t like mine
you like to talk
i`ve got no time
you are an artist
i`m alive
let`s forget about it
let`s forget about it
shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?
you really want to know what it`s all about
but do you really want to spend your
whole life thinking
here and now
let`s forget about it
shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?
you don´t like mine
you like to talk
i`ve got no time
you are an artist
i`m alive
let`s forget about it
let`s forget about it
shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?
you really want to know what it`s all about
but do you really want to spend your
whole life thinking
here and now
let`s forget about it
shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?
quinta-feira, 27 de março de 2008
domingo, 23 de março de 2008
Até Já
Há-de chegar o dia
Está a chegar o dia
Vou acordar muito cedo
Vou começar a escrever a obra que vai mudar tudo isto
terá muito de biográfico sim
um biográfico camuflado
Os nomes serão diferentes
A história um tanto ou quanto mais poética
Mas não
Ainda não
Preciso de deixar de ser como sou para escrever sobre o que sou
Muita coisa tem de mudar
Há que escrever sobre o que fui
Com a segurança do passado
A segurança de já não ser e ter provas disso
Hão-de falar disto por todo o lado
Vou responder
-Não, não sou eu. Não, nunca fui.
Hei-de responder com a certeza e a segurança de não ser e a mentira de nunca ter sido
Daqui a cem anos talvez sejam mais "lógicas" todas estas "palavras"
Daqui a cem anos vou virar o meu túmulo do avesso e vou-me rir às gargalhadas escondido de mim próprio
O antes
O agora
O depois
E o (talvez) muito depois:
O inevitável
Vou ser enterrado nu
E vou construir uma gravata com os restos das minhocas que me comeram
E vou morrer
Vou me rir às gargalhadas
Vou-me rir
Vou morrer às gargalhadas
Está a chegar o dia
Vou acordar muito cedo
Vou começar a escrever a obra que vai mudar tudo isto
terá muito de biográfico sim
um biográfico camuflado
Os nomes serão diferentes
A história um tanto ou quanto mais poética
Mas não
Ainda não
Preciso de deixar de ser como sou para escrever sobre o que sou
Muita coisa tem de mudar
Há que escrever sobre o que fui
Com a segurança do passado
A segurança de já não ser e ter provas disso
Hão-de falar disto por todo o lado
Vou responder
-Não, não sou eu. Não, nunca fui.
Hei-de responder com a certeza e a segurança de não ser e a mentira de nunca ter sido
Daqui a cem anos talvez sejam mais "lógicas" todas estas "palavras"
Daqui a cem anos vou virar o meu túmulo do avesso e vou-me rir às gargalhadas escondido de mim próprio
O antes
O agora
O depois
E o (talvez) muito depois:
O inevitável
Vou ser enterrado nu
E vou construir uma gravata com os restos das minhocas que me comeram
E vou morrer
Vou me rir às gargalhadas
Vou-me rir
Vou morrer às gargalhadas
terça-feira, 18 de março de 2008
terça-feira, 11 de março de 2008
Até já
Ah! e a expressão com que ele estava!
Estava tão farto da vida
E adorava viver e não se queria ir embora
E sorria
Mas já não dá mais, disse
-Já não dá mais
E sorria com lágrimas nos olhos
Com uma arma apontada à própria cabeça
-Já não dá mais, dizia
Dizia:
-Há que matar aquilo que nunca me deixou viver
E sorriu, sorriu e foi-se embora sem sequer se despedir
Estava tão farto da vida
E adorava viver e não se queria ir embora
E sorria
Mas já não dá mais, disse
-Já não dá mais
E sorria com lágrimas nos olhos
Com uma arma apontada à própria cabeça
-Já não dá mais, dizia
Dizia:
-Há que matar aquilo que nunca me deixou viver
E sorriu, sorriu e foi-se embora sem sequer se despedir
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