segunda-feira, 31 de março de 2008

Até já

Não há nada que me apteça escrever
Vou sair um bocado
Vou pensar na vida
Vou beber qualquer coisa
À vigésima cerveja há-de me aptecer escrever qualquer coisa
Hei-de sentir essa necessidade
Volto para casa
Está tudo na mesma
O mesmo bloqueio
A mesma falta de vontade
(Ainda não bebi o suficiente)
Quando der por mim já bebi de mais
Vai ser sempre assim
Quando tiver cinquenta anos vou continuar bêbedo e a folha há-de continuar sóbria,
Imaculada, certa, limpa, virgem, bonita e tão inútil como estes cinquenta anos que passaram
Quando tinha vinte anos parecia tudo tão fácil
Uma e outra cerveja e as coisas saiam bem, bêbedas, certas, limpas, virgens, bonitas e, agora que penso nisso, tão inúteis como estes setenta anos que passaram.
Quando tinha cinquenta anos parecia tudo tão fácil
A feliz nostalgia do passado
A sóbria vontade de viver
A imaculada felicidade no lar
A vida certa, limpa e tão bonita que chegava a ser inútil
Quando tiver oitenta anos vou começar a escrever
Nessa altura hei-de ter vontade de escrever
Hei-de ter qualquer coisa para escrever
Até agora
Está tudo na mesma
Volto para casa
E não há nada que me apteça escrever

sexta-feira, 28 de março de 2008

Enik

i like your face
you don´t like mine
you like to talk
i`ve got no time
you are an artist
i`m alive
let`s forget about it
let`s forget about it

shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?

you really want to know what it`s all about
but do you really want to spend your
whole life thinking
here and now
let`s forget about it

shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?

quinta-feira, 27 de março de 2008

Karl Valentin

“É que o senhor tem outra visão do mundo”.

domingo, 23 de março de 2008

Até Já

Há-de chegar o dia
Está a chegar o dia
Vou acordar muito cedo
Vou começar a escrever a obra que vai mudar tudo isto
terá muito de biográfico sim
um biográfico camuflado
Os nomes serão diferentes
A história um tanto ou quanto mais poética
Mas não
Ainda não
Preciso de deixar de ser como sou para escrever sobre o que sou
Muita coisa tem de mudar
Há que escrever sobre o que fui
Com a segurança do passado
A segurança de já não ser e ter provas disso
Hão-de falar disto por todo o lado
Vou responder
-Não, não sou eu. Não, nunca fui.
Hei-de responder com a certeza e a segurança de não ser e a mentira de nunca ter sido
Daqui a cem anos talvez sejam mais "lógicas" todas estas "palavras"
Daqui a cem anos vou virar o meu túmulo do avesso e vou-me rir às gargalhadas escondido de mim próprio
O antes
O agora
O depois
E o (talvez) muito depois:
O inevitável
Vou ser enterrado nu
E vou construir uma gravata com os restos das minhocas que me comeram
E vou morrer
Vou me rir às gargalhadas
Vou-me rir
Vou morrer às gargalhadas

O Poder da Imaginação

Para o melhor e para o pior
Na saúde e na doença
E na doença

terça-feira, 18 de março de 2008

I want a girl with a short skirt and a loooooooooooooooooooooooooong jacket

terça-feira, 11 de março de 2008

Até já

Ah! e a expressão com que ele estava!
Estava tão farto da vida
E adorava viver e não se queria ir embora
E sorria
Mas já não dá mais, disse
-Já não dá mais
E sorria com lágrimas nos olhos
Com uma arma apontada à própria cabeça
-Já não dá mais, dizia
Dizia:
-Há que matar aquilo que nunca me deixou viver
E sorriu, sorriu e foi-se embora sem sequer se despedir

domingo, 9 de março de 2008

Azar no jogo
Azar no amor
Má sorte em tudo
Ah, mas ainda tenho mais de comer do que os meninos de África
(puta que os pariu)
Adoro o esparguete à bolonhesa da minha mãe
E assim sou feliz.