Não há nada que me apteça escrever
Vou sair um bocado
Vou pensar na vida
Vou beber qualquer coisa
À vigésima cerveja há-de me aptecer escrever qualquer coisa
Hei-de sentir essa necessidade
Volto para casa
Está tudo na mesma
O mesmo bloqueio
A mesma falta de vontade
(Ainda não bebi o suficiente)
Quando der por mim já bebi de mais
Vai ser sempre assim
Quando tiver cinquenta anos vou continuar bêbedo e a folha há-de continuar sóbria,
Imaculada, certa, limpa, virgem, bonita e tão inútil como estes cinquenta anos que passaram
Quando tinha vinte anos parecia tudo tão fácil
Uma e outra cerveja e as coisas saiam bem, bêbedas, certas, limpas, virgens, bonitas e, agora que penso nisso, tão inúteis como estes setenta anos que passaram.
Quando tinha cinquenta anos parecia tudo tão fácil
A feliz nostalgia do passado
A sóbria vontade de viver
A imaculada felicidade no lar
A vida certa, limpa e tão bonita que chegava a ser inútil
Quando tiver oitenta anos vou começar a escrever
Nessa altura hei-de ter vontade de escrever
Hei-de ter qualquer coisa para escrever
Até agora
Está tudo na mesma
Volto para casa
E não há nada que me apteça escrever
segunda-feira, 31 de março de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
estúpido conseguiste escrever.
*
És lindoo nas palavras e puro nos sentimentos... gosto de ti e sei cm escreves bem....
São as portas que demoram o seu tempo a abrir.
É isso mesmo, "Até já". Não escrevas, caga nisso, lá prós oitenta tens tempo. Vamos beber umas cervejas. Bora lá!
acho que vou beber uma cerveja... pois ainda tenho 20 anos e as coisas saem bem, bêbedas, certas, limpas, virgens, bonitas e ainda podem ser úteis!
Postar um comentário