segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Esqueçam tudo o que eu escrevi até aqui
Não quero saber
Acabem com os aplausos no Teatro!
Porque eu dou por mim a começar a chorar sozinho em casa e a deixar de chorar porque começo a representar para mim próprio
Só há um segundo de verdade em mim
O resto é mentira e passado e um futuro que nunca chegará a ser presente
Dou por mim, nu, ridículo, a crucificar-me, a ter pena de mim, a perpetuar a minha auto-tragédia.
Quando superar a minha forçada catarse e der por mim a ser um homem feliz a viver a vida no seu todo e a gostar de tudo o que vivo
Juro que morro
E não vou morrer feliz
Estou completamente sozinho
Também eu estou completamente sozinho
Não tenho ninguém para falar comigo
Não tenho nada em mim para falar comigo
Também eu me transformei num vazio
Num vazio como o vazio das pessoas
cheio de momentos divertidos que não querem dizer nada
Mas continuo a pensar como uma criança,
-Porque é que as pessoas se fazem mal umas as outras?
E continuo a ouvir a minha mãe dizer na minha primeira memória,
-És um extra-terrestre
E continuo a sofrer pelo mundo
E às vezes ainda acredito que o mundo também sofre por mim
Às vezes ainda acredito que tenho consequências no mundo
A escrita continua a ser uma masturbação e nada mais
A arte só quando não tenho mais nada
Não era nada disto que eu devia estar a fazer
Sinto a culpa da humanidade
Sinto que a culpa é toda minha
Se amanhã não tiver aplausos juro que morro
Então esqueçam tudo o que eu escreverei até morrer

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