terça-feira, 18 de novembro de 2008

Até já! (As memórias de Jorge Luis Borges)

Lembro-me que o relógio batera as onze badaladas nocturnas e eu voltava A Jorge Luis Borges.
A velha estante empoeirada do Jorge.

Lembro-me que o reli durante cerca de duas horas (terá sido um século?)

Lembro-me de dar um gole de Cardhu e de ter vontade de fumar um cigarro
Procurei, em vão, o isqueiro para o acender

Lembro-me que estranhamente isto me terá dado uma ideia qualquer para um texto

Lembro-me de serem duas horas da manhã e de, depois de ter voltado ao Jorge Luis, não ter tido coragem para voltar a escrever

Lembro-me de passar uma hora e ainda não o ter conseguido (ou terá sido um século?)

À parte isto, sei que vou acender um cigarro quando encontrar o isqueiro

Sei que voltarei a encher o copo

Sei que isto me fará adormecer

Beberei para esquecer
e espero conseguir voltar a escrever, quando apagar da minha memória, as memórias de Jorge Luís Borges e do seu duplo.


Até já! (ou até daqui a uns séculos)