quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ETERNAS REPETIÇÕES DIFERENTES (escrito há cinco anos atrás)

Como se o álcool fosse a tinta de uma caneta,
Como que um motor de arranque a arrancar dos meus olhos os mais ínfimos detalhes de uma lágrima que sem ele, eu não conseguiria chorar.
Como uma muleta para um velho caminhar.
Nunca um vício, mas uma ajuda,
Uma pá que desenterra o mais morto de mim,
Uma continuação infinita do próprio fim.
O bonito e o feio e o mediano, o bem e o mal e o mediano,
Um olhar novo de um ceguinho,
Um cano, cheio de água fresca e potável que deixei pelo caminho,
Como se a genialidade esquecida, batesse de quando em quando á porta para dar um ar de sua graça.
O bem e o mal de qualquer raça.
Um doce pecado que me faz lembrar que a cruz existe,
Uma queda, um acidente, um despiste,
Uma campainha nos dias de maior solidão,
Uma doce destruição,
Uma chave,
Uma chave que me abre a máscara e mostra a fotografia queimada por um sorriso,
A chave de um tesouro escondido, iluminado, perdido nas sombras de um paraíso.
Um postal do mundo cheio de infinitas repetições diferentes,
Vou bebendo este jogo de mentes
Como nadar no gelado inferno nestas águas quentes,
E afundar-me neste mundo: uma máquina estúpida sempre a repetir o mesmo,
E nesta estúpida máquina sempre a repetir o mesmo
vou jogando,
vou vivendo,
vou bebendo.

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