domingo, 14 de dezembro de 2008
A ARMA DOS DESESPERADOS
Preciso de outras sensações!
Morremos tão cedo,
Já estamos mortos há tanto tempo!
Obriga-me a dançar,
Ensina-me a ser feliz!
Por favor, agora a sério,
Ensina-me a ser feliz!
Vamos acender um cigarro e ver a vista sem mais nada,
Sem mais nada como fazem as pessoas felizes!
Estou morto há tanto tempo,
Ensina-me a morrer!
Por favor, vá lá, agora a sério,
Obriga-me a querer viver!
Vamos fazer piqueniques e respirar o ar sem mais nada
Como fazem as pessoas estúpidas!
Vamos tirar fotografias e chorar
Vamos ver o mundo girar
Ensina-me a ser feliz como as pessoas estúpidas!
Vamos discutir e fazer amor
Ensina-me a abafar o eco,
A gritar de alegria
Não quero,
Não quero mais gritar no vácuo,
Ensina-me a fazer piqueniques e a dançar nos salões!
Canta-me músicas novas,
Preciso de outras sensações!
Ensina-me os silêncios,
Os silêncios da vida!
Vamos tirar fotografias e sorrir como fazem as pessoas estranhas
Ensina-me a ser normal
Porra! já estamos mortos há tanto tempo!
Ensina-me como me equilibrar num precipício,
Obriga-me a dar um passo atrás,
Obriga-me a estar vivo mais tempo.
Mesmo que não valha a pena,
(sabemos que nunca vale a pena)
Mesmo que o silêncio doa,
(sabemos que vai doer)
Peço-te, por favor, sinceramente
Não
Imploro-te
Por favor: ensina-me a viver mais um bocado!
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
FRACAS TENTATIVAS FORÇADAS DE NÂO SER O QUE SOU
terei sido algum dia feliz?
Enquanto estico as pernas na cadeira e carrego no play de uma musica qualquer que me faz ter vontade de escrever,
penso nisto
penso nisto até ter as pernas dormentes
Ponho-as de volta no lugar
O raciocino, seguido da pergunta lógicos,
-Terei a cabeça no lugar?
A musica acaba
Naturalmente, como sempre que gosto de uma musica, recarrego no play
Recarrego na pergunta
Terei a cabeça no lugar?
Tenho vindo a ter sonhos tão reais...
Daqueles que não se sabe, sinceramente, se aconteceram ou não
Coisas que acontecem com pessoas
Não sei se serão sonhos ou não
sinceramente não sei
tenho duvidas
Não as tento esclarecer com ninguém
sonho ou realidade...
Tenho medo que as pessoas perguntem,
Terá ele a cabeça no lugar?
Quero mudar a imagem que têm de mim
Que pensam que eu crio à minha volta
Olho para o nada
(talvez para dentro de mim? e quão foleiro isto é...)
à procura de uma ideia
Uma frase
Uma resposta
Estará a minha cabeça ainda no lugar?
Vasculho nas minhas memórias,
Terei sido feliz algum dia?
(nisto há que voltar a pôr a musica a tocar)
(nisto há que ler qualquer coisa à procura de perguntas novas)
Sou ainda tão novo
Vou ter tantas saudades de mim como sou agora daqui a uns anos
terei saudades da minha cabeça no lugar quando perguntar,
Onde anda a minha cabeça agora?
Pergunto-me,
Será que sempre fui feliz?
E enjoei daquela musica
E já não há estímulos para escrever
(para viver? E quão foleiro isto te parece...)
E enjoei de tudo
Será esta música bonita?
Não hoje não
És bonita
És bonita!
Vamos ser felizes
Hoje.
(Não era nado disto que eu queria escrever,
Não é nada disto que eu quero escrever,
Não foi nada disto que sonhámos ser)
Pois não?
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
ELEPHANT GUN
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight"
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
A ANGÚSTIA DO HOMEM NO ESPAÇO
muito cansado
Quase acabado
ando na rua estafado
E quando vejo o meu reflexo numa montra não sei se isto são olheiras nos meus olhos ou os óculos de sol nas orelhas
domingo, 30 de novembro de 2008
Sinto-me culpado se não escrevo.
Mas eu
(e isto já não é obviamente Lobo Antunes)
Sinto-me mais culpado a escrever a merda que escrevo.
Se ao menos por um segundo conseguisse deixar de ouvir os ponteiros do relogio...
Ah, mas o genuino e o genial estão tão longe um do outro
Vejo pessoas felizes
pessoas a dizer
-Estás sempre chateado
Vejo pessoas a rir
Dizia o Negreiros
-O riso é a prova sonora da estupidez
Pessoas a dançar em discotecas
Digo eu
-A dança é a prova física da estupidez
Sinto
minto
Sei que a minha vida começou pelo fim
e Sei
minto
Sinto que vai ficar sempre na mesma
E...e... e não tenho um único segundo em que não ouça os ponteiros do relógio
E...e...e isto não me deixa ser, percebes?
Não me deixa viver
Quero dizer viver no sentido de simplesmente me deixar existir
Todas estas certezas do fim
Do final completo sem mais nada lá em cima
Eu no espelho:
Uma cara,
uma caveira,
pó,
nada.
E...e...e... quero gritar tudo isto e quero dar um tiro na minha cabeça para o meu corpo ser.
Ser simplesmente
E quero gritar isto tudo e não consigo:
Porque,
Há sempre os ponteiros do relógio
A culpabilidade de fazer a merda que faço
E o ridículo de trocar todos os prazeres da minha vida por uns cinco mil anos que nunca vão chegar a existir.
sábado, 29 de novembro de 2008
A ANGÚSTIA DO HOMEM NO TEMPO
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
ETERNAS REPETIÇÕES DIFERENTES (hoje. Cinco anos depois)
Guardar
Guardar tudo para dentro
Nunca danificar o estilo
E nunca
Mesmo nunca sequer pensar em chorar porque
Como disse
Não vivemos em tempos de lamechices
Pa, sinceramente, começo a ficar um bocado farto da minha escrita
Sempre a mesma tragédia de lava-louça
Sempre os cigarros e o álcool
Sempre as repetições
As idiotas repetições
Que efeito giro as repetições
Sempre o mesmo
"ah, deixa-me cá por para aqui uma frase genial, profunda e lamechas para deixar o leitor de boca aberta"
Porra! Já não vivemos em tempos de lamexices
Ai, ai... já não vivemos em tempos de repetições
E depois a morte
Sempre a puta da morte
Pa, sinceramente, quem é que se dá ao trabalho de vir ler isto?
É que eu não leio!
Arranjem uma vida!
Leiam Shakespeare pa, Goethe, Jorge Luis Borges, Tolstoi, o jornal Record, a revista Maria
Tudo,
Tudo,
Tudo!
Menos estas lamechas e eternas repetições diferentes.
ETERNAS REPETIÇÕES DIFERENTES (escrito há cinco anos atrás)
Como que um motor de arranque a arrancar dos meus olhos os mais ínfimos detalhes de uma lágrima que sem ele, eu não conseguiria chorar.
Como uma muleta para um velho caminhar.
Nunca um vício, mas uma ajuda,
Uma pá que desenterra o mais morto de mim,
Uma continuação infinita do próprio fim.
O bonito e o feio e o mediano, o bem e o mal e o mediano,
Um olhar novo de um ceguinho,
Um cano, cheio de água fresca e potável que deixei pelo caminho,
Como se a genialidade esquecida, batesse de quando em quando á porta para dar um ar de sua graça.
O bem e o mal de qualquer raça.
Um doce pecado que me faz lembrar que a cruz existe,
Uma queda, um acidente, um despiste,
Uma campainha nos dias de maior solidão,
Uma doce destruição,
Uma chave,
Uma chave que me abre a máscara e mostra a fotografia queimada por um sorriso,
A chave de um tesouro escondido, iluminado, perdido nas sombras de um paraíso.
Um postal do mundo cheio de infinitas repetições diferentes,
Vou bebendo este jogo de mentes
Como nadar no gelado inferno nestas águas quentes,
E afundar-me neste mundo: uma máquina estúpida sempre a repetir o mesmo,
E nesta estúpida máquina sempre a repetir o mesmo
vou jogando,
vou vivendo,
vou bebendo.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Até já! (As memórias de Jorge Luis Borges)
A velha estante empoeirada do Jorge.
Lembro-me que o reli durante cerca de duas horas (terá sido um século?)
Lembro-me de dar um gole de Cardhu e de ter vontade de fumar um cigarro
Procurei, em vão, o isqueiro para o acender
Lembro-me que estranhamente isto me terá dado uma ideia qualquer para um texto
Lembro-me de serem duas horas da manhã e de, depois de ter voltado ao Jorge Luis, não ter tido coragem para voltar a escrever
Lembro-me de passar uma hora e ainda não o ter conseguido (ou terá sido um século?)
À parte isto, sei que vou acender um cigarro quando encontrar o isqueiro
Sei que voltarei a encher o copo
Sei que isto me fará adormecer
Beberei para esquecer
e espero conseguir voltar a escrever, quando apagar da minha memória, as memórias de Jorge Luís Borges e do seu duplo.
Até já! (ou até daqui a uns séculos)
domingo, 16 de novembro de 2008
Entrevistas a mim mesmo II
E dentro daquilo que tiver resposta vou responder aquilo que eu acho que deve ser respondido
E dentro daquilo que eu acho que deve ser respondido
Vou mentir
terça-feira, 11 de novembro de 2008
TABACARIA
Não, não!
Eu acho é que, toda a vida é uma tragédia e as situações da vida uma comédia
As situações do dia-a-dia é que são uma comédia
Não me vou habituar!
Meu amor, se eu tivesse uma fábrica de cigarros chamar-lhe-ia Amor.
Uma anedota.
Dás por ti e não passas de uma anedota
Um cigarro curto, saboroso e mortal.
Dás por ti a seres um poema sobre o rancho,
Ainda assim tão trágico como um cigarro
Possivelmente saboroso mas com certeza curto e mortal
Mortal como um poema sobre a vida
Não me basta ser para escrever
É cigarral ter todos estes pensamentos trágicos e ser uma anedota nos entretantos.
Não me vou habituar!
Dou por mim a pensar
Se eu tivesse uma marca de Amor chamar-lhe-ia Cigarros
É difícil
Talvez seja preciso não ser para escrever
E não consigo deixar de dar por mim a pensar,
Se eu tivesse uma fábrica de sonhos chamar-lhe-ia Morte
Entrevistas a mim mesmo
Eu acho é que,
A vida é uma tragédia
E as situações da vida é que são uma comédia
Isso sim...
As situações da vida é que são uma comédia
domingo, 9 de novembro de 2008
Hero of the day
Crashed and on their way
Father he enjoyed collisions;
others walked away
A snowflake falls in may.
And the doors are open now
as the bells are ringing out
Cause the man of the hour is taking his final bow
Goodbye for now.
Nature has its own religion;
gospel from the land
Father ruled by long division,
young men they pretend
Old men comprehend.
And the sky breaks at dawn;
shedding light upon this town
They'll all come ‘round
Cause the man of the hour is taking his final bow
G'bye for now.
And the road The old man paved
The broken seems along the way
The rusted signs, left just for me
He was guiding me, love, his own way
Now the man of the hour is taking his final bow
As the curtain comes down I feel that this is just
G'bye for now."
sábado, 8 de novembro de 2008
MAN OF THE HOUR
Não tenho tempo para gostar de nada
Só tenho tempo para ser atrasado mental e sorrir
Tenho tempo às vezes para fingir que sei algumas coisas e sorrir
Tenho tempo para ver passar o tempo
Tenho tempo suficiente para perceber que não tenho tempo para nada
Não tenho tempo para isto
Tenho todo o tempo do mundo para isto
Um dia hei-de brindar com o tempo
-À nossa!
Um dia tirarei um dia livre para ter tempo
Para perder tempo
Um dia terei tempo para isso
Tenho todo o tempo do mundo
Neste momento não tenho tempo nenhum
Porque o homem do momento leva o tempo todo
E isto é só um até já,
Sei que isto é só um até já!
sábado, 1 de novembro de 2008
Cada noite arranjo um porquê mais idiota para me conseguir levantar no dia aseguir
Só a falta de sono
Só a falta de sono me faz acordar
All you need is Love
All you need is Love, Love
Love is all you need
Alguém te chama com o pequeno almoço
dizes que não queres jantar
Onde está a rapariga dos olhos brilhantes?
All you need is Love
All you need is Love, Love
Love is all you need
Nunca mais escrevi
A página está em branco
Vou deixando a página em branco por um pequeno almoço
Só me levanto pelo pequeno almoço
Só como para conseguir fumar
Não há nada além de nada que me faça levantar da cama
All you need is Love
All you need is Love, Love
Love is all you need
Preciso de acordar
De dormir
Preciso de mais uma bebida
De uma revolução
Preciso de uma revolução
Perguntas,
-o que te faz acordar?
Eu eu não sei
Eu não sei
Eu sei
Eu sei que as pessoas têm pena de mim
Eu sei
Sei que perguntam,
-Quem é este, o que é isto?
Nada
Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
Minto
Sou mais que nada
Sou algo que incomoda mas não estraga
Uma pedrinha no sapato
Sou eu
Sou eu e isto basta para não ser nada
Tenho dez anos, vinte e um anos, cinquenta anos, oitenta anos, mil e trezentos anos
All you need is Love
All you need is Love, Love
Love is all you need
Quando eu era pequenino acordava à procura da menina dos olhos brilhantes
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
E a publicidade tem tanto poder
E a imagem tanta força
E as palavras tanta leveza
E a representação é de toda a gente
E eu não consigo viver aqui
Dás por ti a ser só mais um
Com medo, com angústias, com frustrações
Com tanto para dizer num mundo tão surdo
Dás por ti tão feio num mundo tão bonito
Tão aparentemente bonito
Onde nada é assim tão sagrado
Estás no meio de um jogo e não queres jogar a tua vida
Mas também não consegues fazer nada que nunca tenha sido feito
Nem ter nenhuma ideia que nunca alguém tenha tido
Sou apenas mais um ser estupidamente revoltado com algo que não consigo mudar
Nada me interessa
Nada me chama a atenção
Nada me faz viver
Tudo me parece ridículo, sem sentido
Solto palavras com fogo na boca que não conseguem queimar ninguém
Uma pessoa fica impressionada contigo
Acha que tu és um génio
Que vais conseguir mudar o mundo
Se ela soubesse
Se ela soubesse que eu nunca vou conseguir
Se ela soubesse que eu desprezo tudo e no fundo só quero ser mais um
Mais um homenzinho ligado a este mundo que tanto me mete nojo
Se ela soubesse
Talvez me odiasse
E podia ser que assim, eu conseguisse ser mais feliz
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
domingo, 7 de setembro de 2008
ÓDIO
Há muito tempo que nao dormia sozinho
Há muito tempo que não estava tão feliz
A estranha alegria de ver os soldados chegarem da guerra quase mortos
O estranho prazer de viver sem acreditar em nada
O niilismo positivo
Estou crescido
Já sei viver sem nada
Com os bolsos e a cama vazios
Adoro quando o tapete me escorrega dos pés mesmo quando a astrologia diz que este é o meu melhor mês
Não quero morrer mas estou tão
tão ansioso por não viver
Esse prazer do nada
Nada
Nada
Simplesmente não existir
Acabar com toda a tristeza e ser feliz
Ser feliz no nada já que nada me faz feliz
Aprendi a viver sabendo que não vou durar muito
Aprendi a viver no sol
Feliz e queimado
Feliz e queimado
Cansei-me de uivar à lua
A poesia morreu
Resta a alegria de saber viver e viver bem sem poesia
E isto é tão triste
É tão paradoxalmente poético
É ter um lugar ao sol e o sol ser o inferno
É ser feliz
Feliz
E chorar
É ser feliz e chorar muito
E ser feliz
Amo-te
Amo-te
Descobri agora que te amo porque tive saudades tuas
porque quando te imaginei com outros vomitei
Amo-te assim: Longe
E longe de ti amo-te e sou feliz
Porque te odeio
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
domingo, 31 de agosto de 2008
THE CARPET TO IS MOVING UNDER YOU
O que fomos, o que fizémos, com quem estávamos
Penso que todos nós fomos heróis enquanto adolescentes
Há um tapete que nos foge dos pés
Um céu que nos foge dos lábios
Um sonho...
E foi só um sonho
Depois da adolescência só restam as memórias cada vez mais distantes desse sonho
Esse sonho tão distante que a nossa vista cansada mal consegue avistar
Há um tapete que nos foge dos pés
Uns lábios que fogem da nossa boca
Um pesadelo que tivémos na adolescência e no qual nos transformámos
Estou velho
Hoje o meu filho viu-me chorar
-Estás velho!
Eu velho?
Eu a chorar?
Eu, o velho no meu espelho
o velho com que tanto gozei quando ainda era um herói
Quando ainda tinha o céu no tapete e o tapete nos pés
Eu que fiz uma viagem por toda a europa no meu velho MG com os meus melhores amigos
Eu que engatei aquelas holandesas num acampamento em Berlim quando já não havia esperança de diversão nessa noite
Eu que tive todas as mulheres do Porto e arredores
Eu que era o rei da irreverência entre os meus amigos
Eu que deitava abaixo todos os sistemas
Eu que gozava com tudo o que se mexia
Hoje, eu, que nem me consigo mexer
Hoje, eu
Tão velho eu
Já nem vejo bem de um olho
A mesma mulher à trinta anos
O mesmo amigo: o meu vizinho à muitos anos
(nem ele sabe quem eu fui)
Hoje o meu filho viu-me chorar e gozou comigo
Hoje, eu de baixo do seus pés,
de baixo do seu tapete
Depois da adolescência só restam as memórias
Depois disso é a terra
Amanhã até ele estará de baixo da terra.
Nos meus lábios.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Tragédia
Posso ter acabado de ler a maior tragédia de sempre
Mas se estou sozinho em casa a beber e não tenho um cigarro para fumar isso sim passa a ser a tragédia
Ah, Não sei!
Mas as melhores tragédias de todos os tempos parecem-me sempre a tragédia dos tempos bons
E Eis a tragédia crua da vida real
sábado, 9 de agosto de 2008
La Foule Et Moi. How does it feel?
Queres saber como sabe?
sabe mal, pois então
Estar assim, sozinho, num caminho sem desculpas nem perdão.
Sabe ao falhanço de poder ter sido muito e não ser nada
É como subir o mais alto possivel e no fim cair da escada
Como quando olho para as tuas pernas sem te poder tirar a saia (haha!)
Como uma tartaruga fugaz a morrer na calma praia (uhuh!)
Sabe mal, pois então
Estar completamente sozinho na multidão
Receber convites que não consigo aceitar
Como se fosse um náufrago que não sabe nadar
Ser uma palavra certa em mil confusões
Ver todos os meus orgãos devorados por tubarões
É como quando gritava antes, mas agora sem voz
É tirar do meu vocabulário a palavra "nós"
Ah, é deitar-me todas as noites com a manhã no cortinado
É saber que estou certo e jogar no lado errado
Sabe mal, porra! Sabe a ressaca
Sabe a muito pouca sorte
É estar este tempo todo à espera de uma maca
Que me leve de vez para a morte.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
"It's better to burn out then to fade away"
Vou escrever sempre como se fosse um velho podre às podres portas da morte
Vou ser sempre a reencarnação da decadência
Vou comunicar sempre como se já estivesse queimado
Vou-me queimar em cada palavra que disser
Vou passar o resto da vida a respirar fumo, putas e bourbon
Vou escrever sempre como se já fosse um velho podre às podres portas da morte
Vou viver como se fosse ficar sózinho para sempre
Vou correr até cair para o lado
Vou ficar a vida toda sem me lavar
Vou cuspir merda para todos os lados
Vou deitar tudo o que escrever pela janela
Vou me mandar da janela
Vou fumar até nao ter pulmões
Vou beber bourbon até mijar sangue
Vou fuder putas até me cair a pila
Vou escrever sempre como se fosse um velho podre às podres portas da morte
Vou mandar tudo e todos para o caralho
Vou escrever sempre como se já fosse um velho podre às podres portas da morte
Pode ser que assim ninguém me chateie
Que ninguém me ligue
Que ninguém queira saber de mim
Para que, um dia, possa ser um velho podre às podres portas da morte que disse o que lhe apteceu
E que morreu descansado
Este velho nunca poderá desvanescer porque já nasceu queimado
quinta-feira, 17 de julho de 2008
It's alright ma
And the bob dylan shoes
And my clothes and my hairs in a mess
But you know I just couldnt care less"
quarta-feira, 9 de julho de 2008
I GOT NOTHING, MA, TO LIVE UP TOOOOO
Shadows even the silver spoon
The handmade blade, the child's balloon
Eclipses both the sun and moon
To understand you know too soon
There is no sense in trying.
Pointed threats, they bluff with scorn
Suicide remarks are torn
From the fool's gold mouthpiece
The hollow horn plays wasted words
Proves to warn
That he not busy being born
Is busy dying.
domingo, 22 de junho de 2008
7 bilhões de azares
Esqueces qualquer politica
Vais para uma discoteca
A rezar por uma queca
Numa noite de calor
Esqueces qualquer tipo de dor
Depois crias um grande amor
num ecrân de computad0r
Passas o dia a encharcar-te em sal
Esqueces-te da fome mundial
Numa noite de bebedeira
esqueces a humanidade inteira
E entre este ser ou não ser
preferes sempre escolher
A mulher que consegues foder
porque ainda não parou de beber
Entre milhões que estão a morrer
Pensas que cumpres o teu bocado
Por ofereceres 100 gramas de açucar ao domingo no supermercado
Agradeces-te por não estares errado
Mas ver morrer também deve ser pecado
São todos uns ignorantes
De bebidas frias e noites quentes
De novelas brasileiras e implantes
Vou morrer brevemente
mas tu vais morrer muito antes
E enquanto o combóio chega ao final da linha
Vá lá, vá lá
Chega cá:
A culpa é toda minha
E num devaneio de cinísmo
Amo o planeta terra
Abraço o comunismo
E culpo os senhores da guerra
Amanhã
Vou mandar todos os meus copos de plástico e vidro para o chão
E estou-me a cagar se o meu querido planeta sobrevive ou não
21 Azares
as pessoas reparam realmente em ti
Posso andar na desgraça e de cabeça baixa todo ano, todos os dias, mas só por fazer anos as pessoas dizem:
-Estás em baixo
Há sempre um complô para te fazerem acreditar que és a melhor pessoa de sempre.
...
Realmente o que importa não são os anos
é o tempo
é cada segundo que passa
cada segundo se reflecte no arrependimento de não teres feito o que querias ter feito no segundo anterior
E lá se foi mais um segundo
...
O meu pai diz que está mal
que vai morrer
para eu aproveitar
para eu o aproveitar
Rio-me
...
Daqui a um segundo:
Estou tão mal
Vou morrer
E para ser muito sincero:
" Não me queixo
Até sorrio."
sexta-feira, 20 de junho de 2008
O 22 azares
Não me queixo.
Já estou habituado.
Até sorrio."
terça-feira, 10 de junho de 2008
But it's alright, Ma, it's life, and life only
Shadows even the silver spoon
The handmade blade, the child's balloon
Eclipses both the sun and moon
To understand you know too soon
There is no sense in trying.
Pointed threats, they bluff with scorn
Suicide remarks are torn
From the fool's gold mouthpiece
The hollow horn plays wasted words
Proves to warn
That he not busy being born
Is busy dying."
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Até Já
Espero que chova
Espero que haja água suficiente para disfarçar o meu choro
disse-te:
-Eu nunca choro
Tudo me parece ridículo
Todos os meus pensamentos... ridículos
Quero dizer a verdade
dizes:
-Estás sempre a representar
Até sozinho estou a representar
O básico contínua igual:
Eu e os outros
Eu tão bom aos meus olhos e tão.... tão diferente para os outros
Eu estou quase a fazer anos
Eu na janela... à espera
Tão ridículo.... à espera
Não chega ninguém
Nada chega
Quando chegar alguma coisa vou desejar que nada chegue
Será tarde de mais
Quando eu fizer muitos anos... anos de mais
Espero bem que se esqueçam
Quero morrer sozinho,
Vou morrer sozinho
We Shall Walk
ora é a identificação
ora é o bilhete de comboio
ora é dinheiro
-Sinto que perdi alguma coisa
tenho sempre a mesma impressão de ter perdido qualquer coisa
Tenho medo
Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
Tenho medo
daqui a cinquenta anos não vou ter identificação
Já terei perdido todos os comboios
E não terei dinheiro algum
Daqui a cinquenta anos terei a mesma impressão:
-Sinto que perdi alguma coisa
À parte isto tive em mim todos os sonhos do mundo
sexta-feira, 23 de maio de 2008
A pergunta
Quando me esqueço de viver e penso no que estou a viver
a pergunta é sempre a mesma
-Como é que devo viver cada dia?
A morte está mesmo ali à esquina
-Como é que devo viver cada dia?!
Acredito que renego a vida quando reflicto sobre a mesma
Se a morte está mesmo ali à esquina...
Não sei
não sei
O que é que escrevo agora?
Parto-me a rir e não sei.
É sempre o mesmo circúlo paradoxal:
Ter medo de morrer é ter medo de viver e ter medo de viver é já estar morto e já estar morto é viver para marcar o ponto a cada dia
No fim veremos quem ganhou o ordenado maior.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
HEY! A minha vida numa quadra do Bob
I have no one to meet
And the ancient empty street's too dead for dreaming."
quarta-feira, 14 de maio de 2008
(mesmo sabendo que só me fodo a mim)
ele acreditou,
-É óptimo ter um filho que quer mudar o mundo
desculpa pai
Eu não consigo,
-Não consigo mudar o mundo
Mas ouve pai,
-Apesar de não conseguir mudar o mundo,
(quero que saibam isto)
-O mundo nunca me vai mudar a mim
E isto já é um grande princípio.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Sonnet 71.
E há alturas em que te sentes único
Há alturas em que és uma letra maiuscúla com acento.
Há pessoas que ficam tristes com isso
Há pessoas que adoram estar contigo quando estás mal
Há pessoas que te abraçam tanto que só podem querer que tu te fodas
Há alturas em que ouvir uma mulher a gritar de ódio pode parecer a tua música preferida
E há dias em que acordas e pensas
Boa
boa
boa!
E dias em que acordas
Merda
merda
merda
merda!
Há pessoas em certas alturas que acordam ao teu lado e te dizem simplesmente
-bom dia!
Há alturas em que isso parece a tua música preferida
Há alturas em que a última pessoa que normalmente escolherias para dormir contigo te parece a tua pessoa preferida
Há alturas em que ela é o acento na letra minuscúla que és
Há alturas em que pensas que ela é a única
Há pessoas que ficam tristes com isso
Ontem acordaste ao lado dela e pensaste
Merda
merda
merda!
Há pessoas que te abraçam tanto que só podem querer que tu te fodas
Ontem acordaste sozinho
Merda
merda
merda
merda!
Há manhãs em que o sono te parece a tua música preferida
Contínuas a dormir
Boa
boa
boa!
quarta-feira, 30 de abril de 2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
E o teu chulo agradece
é mesmo assim
só escrevo quando estou bêbedo
e sim
podes dizer que só comunico realmente com as pessoas quando bebo
Posso também dizer-te que agora sei o que te faz tanta confusão em mim
o porquê de dizeres constantemente
-És uma merda
O porque de gozares tanto comigo
Agora sei que dizes isso por te ser tão estranho o facto de alguém se estar completamente a cagar para tudo
Achas muito estranho o facto de eu me estar a cagar para tudo
e duvídas
e critícas
e dói-te
porque no fundo também te querias estar a cagar para tudo
Não consegues achar possivel que alguém ponha as ideias à frente do dinheiro
alguém que ponha os ideais à frente da comida, das discotecas, das mulheres, das drogas...
Eu estou-me a cagar para isso tudo
Pode parecer-te estranho mas nunca hei-de fazer nada que não me apteça fazer
Pode parecer-te estranho o facto de eu saber que vou morrer de fome aqui e não me preocupar com isso
aqui
neste país de putas satisfeitas
Neste país onde toda a gente é uma puta com uma desculpa plausível para o ser.
Mas nunca te esqueças disto:
Por mais que toda a gente concorde com as tuas desculpas,
-Hás-de ser sempre uma puta!
E enquanto os teus filhos estiverem a agradecer a tua herança
O mundo estará a agradecer a minha pobreza
essa pobreza muito mais rica e duradoura do que essas notas que tu deixas,
essas notas tão cremáveis quanto tu.
-Então... pagas-me uma imperial?
sábado, 26 de abril de 2008
And all it took was thirty second's time
But a spoiled little prince I was not
Had a chamber maid and a chamber pot
And there's thirty one others just like me
There's thirty one others I can be
Thirty two's still a goddamn number
Thirty two still counts
Gonna make it count
Gonna make it count
Long live the kingLong live the kingLong live the kingLong live the kingLong live the kingLong live the kingLong live the kingLong live the king"
Neste momento tenho tanta raiva em mim
Aptece-me partir tudo e mandar toda a gente para o caralho
e tudo isto parece tão bonito quando é escrito
queria perguntar-te se já fizeste a merda toda que tinhas a fazer
queria mostrar-te tudo o que há de mau em mim
queria que deixasses de ver o palhaço em mim
queria perguntar-te se já fodeste tudo o que tinhas a foder
mas quando é escrito tudo isto parece poético, bonito e sem sentido
Estou à beira de um ataque de nervos e ninguém quer saber
podia morrer aqui que ninguém ia querer saber
iam pensar que era poesia
que a minha morte é poesia
aptece-me apagar tudo o que já escrevi
tudo tudo tudo
Em vez disso continuo a escrever
a aumentar a minha vergonha
a incitar a minha morte
e tudo isto parece tão poético quanto o esgoto do meu prédio
podia dizer agora que te amo
-Amo-te
não ias pensar duas vezes
está tudo bem.
terça-feira, 15 de abril de 2008
The Same Old Bob In Me
It don't matter, anyhow
An' it ain't no use to sit and wonder why, babe
If you don't know by now
When your rooster crows at the break of dawn
Look out your window and I'll be gone
You're the reason I'm trav'lin' on
Don't think twice, it's all right
It ain't no use in turnin' on your light, babe
That light I never knowed
An' it ain't no use in turnin' on your light, babe
I'm on the dark side of the road
Still I wish there was somethin' you would do or say
To try and make me change my mind and stay
We never did too much talkin' anyway
So don't think twice, it's all right
It ain't no use in callin' out my name, gal
Like you never did before
It ain't no use in callin' out my name, gal
I can't hear you any more
I'm a-thinkin' and a-wond'rin' all the way down the road
I once loved a woman, a child I'm told
I give her my heart but she wanted my soul
But don't think twice, it's all right
I'm walkin' down that long, lonesome road, babe
Where I'm bound, I can't tell
But goodbye's too good a word, gal
So I'll just say fare thee well
I ain't sayin' you treated me unkind
You could have done better but I don't mind
You just kinda wasted my precious time
But don't think twice, it's all right"
sexta-feira, 11 de abril de 2008
quarta-feira, 9 de abril de 2008
The Rest Is Silence
Comigo as coisas estão sempre tão no ar:
Cada coisa pode ser tanta coisa que acaba por não ser nada.
Gostava de saber dizer
-Isto é assim!
ou
-Isto é assado!
Isto aqui é o bem, isto aqui é o mal...
Flutuo por cima destas certezas todas e, parecendo tudo isto muito poético, não me parece que seja assim tão bom
Parece-me que as pessoas se preocupam comigo
Parece-me que têm medo de dizer
-Tu estás mal!
ou perguntar
-Tu estás bem?
Estou muito bem
Esqueci-me da chave do carro
Mas não me esqueço da última fala do Hamlet
-
Tenho a impressão de que quando morrer me vou esquecer que morri
E vou continuar por aí,
a flutuar por aí,
distraído,
em silêncio.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Até já
Vou sair um bocado
Vou pensar na vida
Vou beber qualquer coisa
À vigésima cerveja há-de me aptecer escrever qualquer coisa
Hei-de sentir essa necessidade
Volto para casa
Está tudo na mesma
O mesmo bloqueio
A mesma falta de vontade
(Ainda não bebi o suficiente)
Quando der por mim já bebi de mais
Vai ser sempre assim
Quando tiver cinquenta anos vou continuar bêbedo e a folha há-de continuar sóbria,
Imaculada, certa, limpa, virgem, bonita e tão inútil como estes cinquenta anos que passaram
Quando tinha vinte anos parecia tudo tão fácil
Uma e outra cerveja e as coisas saiam bem, bêbedas, certas, limpas, virgens, bonitas e, agora que penso nisso, tão inúteis como estes setenta anos que passaram.
Quando tinha cinquenta anos parecia tudo tão fácil
A feliz nostalgia do passado
A sóbria vontade de viver
A imaculada felicidade no lar
A vida certa, limpa e tão bonita que chegava a ser inútil
Quando tiver oitenta anos vou começar a escrever
Nessa altura hei-de ter vontade de escrever
Hei-de ter qualquer coisa para escrever
Até agora
Está tudo na mesma
Volto para casa
E não há nada que me apteça escrever
sexta-feira, 28 de março de 2008
Enik
you don´t like mine
you like to talk
i`ve got no time
you are an artist
i`m alive
let`s forget about it
let`s forget about it
shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?
you really want to know what it`s all about
but do you really want to spend your
whole life thinking
here and now
let`s forget about it
shoot it full of wine
why do you love me?
why do you love me?
quinta-feira, 27 de março de 2008
domingo, 23 de março de 2008
Até Já
Está a chegar o dia
Vou acordar muito cedo
Vou começar a escrever a obra que vai mudar tudo isto
terá muito de biográfico sim
um biográfico camuflado
Os nomes serão diferentes
A história um tanto ou quanto mais poética
Mas não
Ainda não
Preciso de deixar de ser como sou para escrever sobre o que sou
Muita coisa tem de mudar
Há que escrever sobre o que fui
Com a segurança do passado
A segurança de já não ser e ter provas disso
Hão-de falar disto por todo o lado
Vou responder
-Não, não sou eu. Não, nunca fui.
Hei-de responder com a certeza e a segurança de não ser e a mentira de nunca ter sido
Daqui a cem anos talvez sejam mais "lógicas" todas estas "palavras"
Daqui a cem anos vou virar o meu túmulo do avesso e vou-me rir às gargalhadas escondido de mim próprio
O antes
O agora
O depois
E o (talvez) muito depois:
O inevitável
Vou ser enterrado nu
E vou construir uma gravata com os restos das minhocas que me comeram
E vou morrer
Vou me rir às gargalhadas
Vou-me rir
Vou morrer às gargalhadas
terça-feira, 18 de março de 2008
terça-feira, 11 de março de 2008
Até já
Estava tão farto da vida
E adorava viver e não se queria ir embora
E sorria
Mas já não dá mais, disse
-Já não dá mais
E sorria com lágrimas nos olhos
Com uma arma apontada à própria cabeça
-Já não dá mais, dizia
Dizia:
-Há que matar aquilo que nunca me deixou viver
E sorriu, sorriu e foi-se embora sem sequer se despedir
domingo, 9 de março de 2008
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
perguntou
O que é a pureza?
De onde vêm esses rios e esses mares e as àguas que teimam em cair do céu
Porque é que nascem as plantas?
perguntou
O que são as pessoas?
de onde vêm os sorrisos e essas palavras que teimam em chover?
Onde está a verdade?
perguntou
O que é a verdade?
de onde vêm os actos que todos consideram factos sem qualquer discussão?
Qual é o valor da vida?
perguntou
O que é a vida?
Hoje vi alcatrão ser destruído pela chuva
A minha vida tem sido como uma gota de água
a pureza original
como uma gota de água
ninguém a pode impedir de cair
está sempre a cair
Sinto-me Deus
Sinto em mim a pureza original
Venho do céu
e vou caíndo
caíndo até amanhã
amanhã haverá uma derrocada de alcatrão
os carros não vão poder andar
as pessoas vão tropeçar
e as ruas vão estar vazias
Amanhã vai nascer um cacto que vai conter nele toda a água do mundo
vai conter nele todas as tempestades de palavras
e vai guardar para si todos os actos possivelmente correctos
Amanhã vai nascer um cacto que vai ser como uma gota de água e que vai ser capaz de sobreviver só com uma gota de água até à queda final
E não há qualquer pureza nisto
Qual é o sentido de tudo isto?
perguntou
O que é o sentido?
Eu
respondi-lhe
Nós
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
parabéns
É ser um Otelo e querer ser um Hamlet
É ser um Hamlet e querer ser um Lear
É querer ser popular como um Falstaff
É querer ser amado como um Romeu
É querer amar como uma Julieta
É querer matar como um Titus
É sentir os punhos fechados dentro dos bolsos
É sentir a raiva da Porcia pela raiva das pessoas
É sentir raiva por usarem a clemência como favor
É a raiva de usarem a clemência como pena sem terem pena de ninguém
É ter raiva por ninguém pensar em ninguém pelo menos tão sinceramente como pensa no seu ordenado
É ser condenado a ser daqui
É a angústia de não conseguir mudar o sotaque
É o medo de ter de ser daqui
É a certeza de não pertencer aqui
É o não ter escolha se não mudar o "aqui"
É a frustração da História
das personagens recicladas
das conversas gastas
dos pensamentos tão profundos quanto impotentes
isto é como ser um Hamlet com o custo de não ter o que vingar
É como ser um Hamlet com a insegurança frustrante de ser
E a frustrante certeza de não ser
É como ter em mim próprio um Otelo e um Iago
É como ver fugir de mim um Romeu e Julieta
É como ser Falstaff ao contrário
É como ser um Titus onde o prato principal sou eu mesmo
É como ser um judeu amado apenas pela clemência
É sentir a vontade Macbethziana mas sem ter uma coroa para alcançar
é sentir uma vontade de morte sem um fim
É sentir ser tudo isto
Sentir que sou capaz de fazer muito
Sentir que sou único entre as pessoas
É sentir que o poder é meu e não conseguir criar um destino para tudo isto.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
C.D.D.E.
Sinto que tenho o poder de Deus
Mas a vontade do Diabo
Ah! Mas também me sinto um génio sem lâmpada
Sem uma base para voltar quando as coisas estão a correr mal
Chego ao céu desse Deus que sou
E, claro, ao inferno desse Diabo que tenho em mim
Não há meio termo
Não há uma casa onde descansar
É Criar Criar Criar
Sem garantia alguma de qualidade
Não há qualidade nenhuma nisto
(Nem sequer uma verdade que disfarce)
Sou Deus porque me sinto Deus
E Diabo porque sou Diabo
Há tanta mentira nisto como em todos os discursos políticos
E Eu acredito nisto
Eu acredito verdadeiramente nisto
Nisto que não é nada
Nisto que é tão falso como Deus ou o Diabo
Ou tão falso quanto eu
A verdade transforma-se em técnica e a técnica em falsidade e a falsidade em verdade mentirosa E isto é tão verdade quanto a verdade original
Esta falsidade é tão verdade quanto a verdade original
A minha verdade
A verdade de Deus
Tão verdade quanto a mentira do Diabo
A minha mentira
É mentira
É mentira
É mentira
É mentira
É mentira
(porque ninguém contestará a mentira)
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
No fundo do rio
E eu não quero envelhecer
(a rima foi sem querer. Quem rima sem querer é amado sem saber)
E rimei outra vez.
Não quero ser como o meu pai
Isto não tem nada a ver
(outra vez)
Sinto que a minha contagem decrescente começou muito mais cedo do que devia
Sinto que vou morrer amanhã
E sinto que há tantas horas pela frente
Ainda faltam tantas horas para amanhã
E não quero morrer
Não quero envelhecer
(as rimas são sem querer porra!)
Não quero ficar surdo
Nem careca
Nem mudo
Não quero começar a tremer por todos os lados
já tenho cabelos brancos
já tenho cabelos brancos
Como é que isto foi tão rápido?
Abraça-me
Abraça-me até amanhã
Amanhã de manhã vai ser mais fácil
Porra! Não sou carente
Não preciso disto
Eu escolho isto
É mais fácil ser só isto
Vou fazer mil filhos
Vou matar mil crianças
Vou ser um velho de mota e óculos escuros da moda
O tempo está a correr
Tenho medo
À noite tenho muito medo
O tempo passa-se bem com um whisky na mão
Contigo no pensamento
Sempre odiei o "Contigo"
Amanhã não há tigo nem meio tigo
Amanhã vou tirar a carta
Vou tirar a carta
Vou conduzir até um abraço num sítio onde não precise de um abraço
Nos teus braços
Nos teus braços
No fundo do rio
Nos teus braços
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Hoje Pago Eu
Uma mentira
Sinto-me apaixonado
Enquanto o mundo gira
Bebo mais um bocado
Deixa os velhos cd’s viverem
Não os quero ver morrer
As bebidas a desaparecerem
Vou beber para te esquecer
Vou beber para te esquecer
Sou um plagiador do amor
Do amor
Hei-de saber o que isso é
Parece-me um conceito com bolor
Com bolor
Ou o consolo da ralé
E vou beber para te esquecer
Como nos filmes antigos
Dizes para eu viver
“vamos ser só amigos”
Desculpa lá mas não
Mas não
Desculpa mas não
Amigo é o meu cão
O meu cão
Amigo é o meu cão
-Estamos bem, a sério, podes fazer a mala, podes fazer mala
Ele bebe comigo até amanhecer
Bebe comigo até te conseguir esquecer
Até te conseguir esquecer
(e não fala).
Começo a sentir-me dois
Já me sinto dois
Eu e ele
Eu agora e eu antigamente
Eu e o futuro dele
O meu presente de aniversário
Aquele inesquecível presente de aniversário repetido durante anos
E navega em mim, no mais fundo de mim, no mais enterrado de mim
Um morto-vivo a partir da minha infância falecida
tenho medo
tenho frio
As gargalhadas surdas à minha volta
Não consigo dormir
Mãe, não consigo dormir!
"Só uma voz se levantou para me defender
a coitada da minha mãe chocada com aquilo tudo"
Foi tudo verdade
As gargalhadas surdas à minha volta
A estranha saudade da maldade na sua pureza original
Quem é que está a escrever?
Qual de nós está a escrever caraças?
Caraças?
Que merda é esta?
Amanhã
Só amanhã
Agora não
Deixa-me dormir
Agora não
"Não, não, Por favor, não!"
Até amanhã
Amanhã seremos um outra vez
domingo, 27 de janeiro de 2008
Beijinhos de Borboleta, primeiramente uma balada de amor e mais à frente uma canção infantil
Nos teus olhos alegria
Há segundos, um segundo,
Tudo o resto é apatia
Desprezo nos teus olhos
Nos meus olhos desespero
Fodam-se os teus olhos
Passou-se mais um dia
Raiva nas minhas mãos
E nas tuas o poder
O poder de me tapares os olhos
Para nunca mais te poder ver
Nem que seja por um dia
Nem que seja por um dia
Por um segundo de alegria
Vou esquecendo a minha idade
Só mais uns dias de apatia
Até à eternidade
E quando tudo parece desvanescer
Largo o mundo dos meus ombros
Deixo-me ir até morrer
E no fim só sobram escombros
Um dia também os vais conseguir ver
Prometo que os vais ver
Deixo-me ir e quero ver
Juro que quero ver
O pior que pode acontecer
É deixar-me ir até morrer
Nem que tenha que morrer
Nem que tenha que morrer
Os passarinhos verdes já são pretos, já são pretos
Pretos para mim, pretos para ti, pretos para todos os povos
Os passarinhos verdes transformaram-se em corvos
Os passarinhos verdes transformaram-se em corvos
Nos teus olhos, nos teus olhos
Tens corvos pretos no olhar
Asas pretas nos teus pés
Vá lá, pôe-te a voar!
Quando tiveres perto do céu hei-de saltar para te puxar
Quando tiveres perto do céu hei-de saltar para te puxar
Advinha onde eu estou
Advinha onde eu estou
No inferno dos teus olhos,
Vais ter que os arrancar
No inferno dos teus olhos,
Vais ter que os arrancar!
Ludwig van
sim sim... esta é a altura
tudo muda tudo cresce tudo avança e acelera
não me parece que haja mais para compôr
só me restam estas historiazinhas de merda e os truques baratos de cartas
Também não é a sério... qual é a diferença?
não não vou desistir
enquanto não for a sério não desisto
que merda é esta pa'?
eu não era assim juro que não era assim
era um jovem com ideias
com muitas ideias
desculpem eu vou jogar
não há-de ser assim tão complicado
como dantes
um bluffzinho à maneira e tal e está a andar
tenho passado a vida toda a fazer bluff sem sequer olhar para as cartas
mais um... que diferença pode fazer?
(isto de escrever sóbrio tem o que se lhe diga)
É MÚSICA
Afinal tudo muda cresce tudo avança e acelera
vai tudo correr bem
quando parecer que tud-
I fold.
sábado, 19 de janeiro de 2008
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
All my loving
tomorrow i'll miss you
remember i'll always be true
and then while i'm away
i'll write home everyday
and i'll send all my loving to you
i'll pretend that i'm kissing
the lips i'm missinga
nd hope that my dreams will come true
and then while i'm away
i'll write home everyday
and i'll send all my loving to you
all my loving i will send to you
all my loving, darling, i'll be true
close your eyes and i'll kiss you...
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Fausto
Levo um saco cheio de cerveja
-O que é que trazes nesse saco?
-Sabedoria mãe, sabedoria.
Sempre ouvi dizer
-Tem cuidado com o que desejas
há um grande livro
Será que há uma célula do mal?
-Há um grande livro, um Santo Gral
Tem imagens e letras e tem tudo e tem nada e tem tudo
quem o desenhou? Quem o desenhou?
Desejo que me atendas o telemóvel.
Va lá! Atende-me o telemóvel!
Não me vou suicidar!
É ridículo querer morrer
Não tenho medo de morrer
Não desejo morrer!
Desculpa Mefistófeles... os teus presentes sabem à água que preciso para viver
Os teus presentes sabem à água que necessito para morrer
Desculpa Mefistófeles mas não preciso de nada disso
Antes um Zé-Ninguém como dizias
Antes um Zé-Ninguém com um saco cheio de cerveja
E assim sou feliz
Adeus Margarida...
Adeus
-Estou...
-Estou sim..?!
"Tudo o que se passa
É símbolo só;
O que não se alcança
Em corpo aqui está;
O indescritível
Realiza-se aqui;
O Eterno-Feminino
Atrain-nos para si. "
FINIS
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
domingo, 13 de janeiro de 2008
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Porra isto parece-me tudo tão simples
é bem simples
sou um génio
para mim é fácil
Escreva o que escrever
Porra! Hoje tive um sonho brutal
Estava preso
estava a fugir no metro
era tão fácil
é tão simples fugir
Eu vomito para fugir e isto parece tão poético
é verdade
para mim o poético é tao verdade
sou mesmo bom
porra sou mesmo bom
Vamos dizer a verdade:
A criação é tão fácil para mim
pareço tão seguro quanto pareço pouco artístico
Porra granda frase!
Vou cagar (pareço menos poético agora)
Se pintasse pintava uma gaja a cagar
uma muito bonita
O feio da beleza
a verdade
a verdade é o feio da beleza
as mulheres têm barba
as mulheres têm barba
Vamos foder
só te quero foder
a arte não existe
quando há foda a arte não existe
a arte é a foda dos que não fodem
Viva a arte!
Viva a foda!
Viva a arte!
Viva!
Adoro ir mijar de luzes apagadas
estou tão alcoolizado
amanhã vou estar tão deprimido
tão ressacado
A música está mais baixo
insisto que a arte é a figura bonita de uma mulher
não sabemos explicar
é a figura linda de uma mulher
só vão comentar trivialidades
coisas sem importancia
não sabem comentar a beleza de uma mulher
Não quero saber de ti
não me importas
eu importo-me
eu importo-me
Por momentons
por momentos
adoro viver
porra!
Adoro viver
disseram-me que estou apaixonado
nunca estou apaixonado
amo tudo
amo tudo!
Venha tudo!
É tudo tão bonito hoje
amanhã
porra amanhã
vou querer morrer amanhã
já sei que vou querer morrer amanhã
Hoje é tudo tão bonito
porra tão bonito
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
E eu
"Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem
Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isocrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem
Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Van Gogh, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu puta que pariu não vou nada bem..."
Seu Jorge - Chatterton
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Até já!
De patienter vingt ans
Pour que tu aies vingt ans
Et pour que j'aie vingt ans